A iniciativa de três estudantes do Ensino Fundamental de Sumaré está em destaque nos meios de incentivo à produção científica. O projeto “Animais gritam por socorro”, que levanta a questão do uso de cobaias para testes nas indústrias de cosméticos, foi premiado na 7ª edição do Desafio Criativos da Escola e ganhou espaço na plataforma, que encoraja crianças e adolescentes a transformarem suas realidades. O trabalho também está na final da Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), em Santa Catarina – o evento que indicará os premiados acontece de 7 a 11 de novembro, em Pomerode (SC).
O projeto foi desenvolvido pelas estudantes Hevelin dos Santos, Joice Polotto e Larissa Dominique, todas de 12 anos. Elas cursam o 7º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, no Parque Santo Antonio, em Sumaré, e receberam o incentivo da escola para a elaboração do trabalho.
A ideia surgiu durante a pandemia de 2021, quando o curta-metragem “Save Ralph” (veja o vídeo abaixo) viralizou nas redes sociais. A animação mostra a rotina de Ralph, um coelho usado como cobaia em um laboratório de produtos cosméticos. A produção faz parte de uma campanha contra testes em animais realizada pela Humane Society International.
“As pessoas deram muita atenção para o tema, mas só quando o filme estava viralizando. A gente achou importante que as pessoas soubessem mais”, conta Hevelin.
O projeto tem a finalidade de informar a respeito da crueldade imposta aos animais utilizados como cobaias, das formas alternativas de testes e chamar a atenção para os certificados que garantem a proteção dos animais.
Passo a passo
O primeiro passo do projeto foi realizar uma pesquisa de campo para saber o nível de conhecimento das pessoas sobre o tema. O formulário obteve 403 respostas e apontou que a maioria já tinha ouvido falar do assunto, mas não conhecia os selos de identificação de produtos sem crueldade. “Passamos então esclarecer sobre essa questão”, explica Larissa.
As explicações começaram num perfil no Instagram criado pelas estudantes, que tem 389 seguidores (animaisgritam_porsocorro). No espaço, elas produzem e publicam conteúdos sobre os testes em animais, os selos de identificação como o Cruelty Free (em português, livre de crueldade) e Leaping Bunny (coelho saltitante) e os métodos alternativos para experimentação dos produtos.
“Um dos métodos é a utilização de peles descartadas em cirurgias”, explica Hevelin. O grupo também criou um clube para o projeto na escola. Nele, elas dão aulas para colegas do 6° ao 9° anos.
As jovens relatam que vários colegas mudaram o comportamento na forma de consumir quando se depararam com as informações do projeto.
“Muitos que não sabiam da existência do certificado hoje dizem que fiscalizam as embalagens para saber a forma de teste usada naquele produto. Isso é uma satisfação para nós, pois mostra que o nosso trabalho tem dado resultado”, comenta Larissa.
Por outro lado, a estudante Hevelin alerta que algumas marcas apenas aplicam o selo, sem que de fato tenham a certificação, e que nem todos os produtos veganos são livres de crueldade. “É preciso ficar atento”, diz.
Futuro
Expandir a iniciativa, fazer parcerias com ONG’s e visitar laboratórios que usam métodos alternativos de testes são alguns dos planos das estudantes para o futuro.
“A gente queria muito visitar outros países e falar sobre o assunto. O objetivo é que cada vez mais pessoas saibam o que realmente acontece”, diz Larissa.