Os últimos dias do Inverno não serão muito diferentes do restante da estação. Temperaturas amenas, chuva escassa, sol, tempo seco e calorão são condições que se revezarão até a próxima quarta-feira (22), quando tem início a Primavera. Os modelos climáticos trazem expectativa de mais chuva na nova estação, porém, não a ponto de superar as médias do período, de acordo com a pesquisadora e meteorologista do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura, o Cepagri da Unicamp, Ana Ávila.
Do início do ano até agora, Ana afirma que a quantidade de chuva em Campinas ficou 30% abaixo da média para o período. A esse fator, se soma o fato de o ano de 2020 também ter tido precipitações abaixo da média da histórica no País, o que contribuiu para a situação preocupante dos reservatórios do País.
“A Primavera deve ter chuvas dentro da média histórica ou ligeiramente abaixo dela. É uma estação de transição, que traz melhora nas condições mais secas do Outono, mas que ainda não tem um volume de chuva mais alto, como o do Verão”, explica a meteorologista do Cepagri, indicando que as chuvas devem aumentar de frequência a partir do final deste mês.
Eventos climáticos que ocorrem no oceano Pacífico, o El Niño e a La Niña interferem no clima e nas previsões. Este ano, o País está sob influência da La Niña, que deixa as águas do Pacífico mais frias que o habitual, o que provoca maiores volumes de precipitação no Norte do país e menores no Sul. “No Centro e no Sudeste, a La Niña não interfere nas condições de chuva, mas sim nas temperaturas”, detalha Ana.
A La Niña, explica, será responsável por uma Primavera com períodos de refresco, ou seja, as altas temperaturas serão amenizadas por massas de ar frio que trarão variabilidade aos termômetros. O que não significa que não haverá calorão nos próximos meses. “Setembro e outubro são os meses em que historicamente se registram as temperaturas mais altas do ano”, acrescenta.
Fim da estação
O Inverno de 2021 foi particular em muitos sentidos, lembra a meteorologista. Na madrugada de 31 de julho, houve o registro do recorde de mínima deste século, com 3,5° graus. No dia 16 de setembro, Campinas teve o dia mais quente do ano, com máxima de 36,1°. Entre junho e julho, o município ficou mais de um mês sem chuva, o que fez derrubou a umidade do ar para 8,8%, a mais baixa do ano.
“O Inverno foi de extremos. Ondas de calor, de frio, recordes de frio e de calor. Em agosto, por exemplo, choveu apenas metade da média esperada para o mês”, confirma Ana, reforçando que agosto é o mês historicamente com menor volume de chuva do ano.
Quanto ao Verão, a meteorologista ainda acha prematuro traçar modelos climáticos mais precisos. “Não dá para afirmar que teremos um Verão com mais ou menos chuva que a média. O fato é que nas últimas duas estações, não choveu o que seria esperado para o período.”