As equipes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em Campinas finalizaram recentemente a parte inicial do projeto de pesquisa “Campinas Afro”. O projeto mapeou 20 diferentes espaços que são lugares de memória e cultura da Comunidade Negra em Campinas. Os lugares de memória foram sugeridos pela própria Comunidade Negra de Campinas e elencados a partir de uma votação. Todo o material produzido, resultado da pesquisa, será entregue à Prefeitura de Campinas, ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas e ao Arquivo Edgard Leuenroth / Unicamp. Na segunda etapa, o projeto vai ganhar um site para divulgação e disponibilização do acervo.
Foram formadas cinco equipes com dois componentes cada, sendo um pesquisador(a) e um(a) fotógrafo(a) documentarista. Cada equipe pesquisou quatro desses lugares de memória.
Foram escolhidos pela comunidade os seguintes lugares de memória: Antigo Museu do Negro; Associação dos Religiosos de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac); Centro Cultural Recreativo Benedito Carlos Machado – Clube Machadinho; Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas e Região; Largo São Benedito (Cemitério dos Escravizados); Jornal aos Brados – O Jornal da Comunicação Consciente; Instituto Cultural Babá Toloji; Bairro Barão Geraldo, História e o Túmulo do escravizado Toninho do Boi Falô e a Fazenda Santa Genebra; Corporação Musical Campineira dos Homens de Cor; Largo Santa Cruz – Escravo Elesbão; Jornal Getulino (Imprensa Negra Paulista); Igreja de São Benedito e Estátua da Mãe Preta; Lavagem da Escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas; Colégio São Benedito; Casa Grande e Tulha; Casa de Cultura Fazenda Roseira – Comunidade Jongo Dito Ribeiro; Grupo de Danças Populares Urucungos, Puítas e Quijengues; Casa de Cultura Tainã, GCRES Rosa de Prata; e Largo e Igreja do Rosário.
Em cada um desses pontos foram realizadas entrevistas com uma pessoa responsável e com ligação direta com o local pesquisado. Cada um deles gerou um vídeo com duração de uma hora, em média. Esse material será condensado em um vídeo único.
Cerca de 20 pessoas foram contratadas, por meio de edital público, para participar do projeto, entre pesquisadores, fotógrafos documentaristas, pessoal de apoio técnico, como designer e editor de vídeo, entre outros. Todos os pesquisadores são de Campinas.
Os pesquisadores são: Adriane Bagdonas, Igor Cauê Vieira de Oliveira, Ana Paula de Lima, Érica Rodrigues Soares, Pâmela Resende e Guilherme Oliveira da Silva. Os fotógrafos documentaristas são: Dalton Yatabe, Gabriella Zanardi, Luciana Antonio, Mariani Lima, e Roniel Felipe.
O projeto tem a coordenação-geral de Milton Guran, que é antropólogo e fotógrafo, doutor em Antropologia (École des Hautes Études en Sciences Sociales – França, 1996) e mestre em Comunicação Social (Universidade de Brasília, 1991), com pós-doutorado na USP (2004-2005). Também é pesquisador associado do LABHOI / Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense. Ele é autor de “Agudás – os brasileiros do Benim” (Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira / Ed. Gama Filho, 2000) e de “Linguagem Fotográfica e Informação” (Rio de Janeiro: Ed. Gama Filho, 3ª ed. 2002), entre outros títulos.
A supervisão de pesquisa é da professora Dra. Lúcia Helena Oliveira Silva, pesquisadora e professora de História na Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Faculdade de Ciências e Letras (FCL-ASSIS). Formada em História pela PUC- Campinas, tem mestrado em História da Educação sobre o processo de emancipação de mulheres escravas e o doutorado em História com um estudo sobre migração de libertos no período pós-abolição, ambos pela Universidade Estadual de Campinas. Lúcia tem pós-doutorado na New York University sobre associativismo afro-brasileiro e afro-americano nas primeiras décadas do século XX.
A realização do projeto foi possível a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público do Estado e uma empresa sediada no Município. A Prefeitura, em acordo com o Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas, apresentou o projeto e indicou a Unesco como executora, ambos aceitos pelo MPSP.