Um projeto que distribui 450 refeições diárias para famílias em situação de vulnerabilidade, na região do São Marcos, em Campinas, recebeu uma mensagem de apoio do papa Francisco. Nesta semana, às vésperas de completar um ano de existência, o projeto ganhou ainda mais visibilidade após o vídeo do pontífice ter “vazado” nas redes sociais.
O projeto Cozinha Solidária da Paróquia São Marcos acontece em uma área da paróquia, em conjunto com a Associação dos Docentes da Unicamp (Adunicamp), Central Única dos Trabalhadores (CUT), voluntários e o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que prepara os alimentos. Além do apoio do núcleo pela Economia de Francisco e Clara, que contribui com a manutenção da cozinha e hortas comunitárias.
“Padre Antonio Rodrigues e amigos da Paróquia de São Marcos, sigam adiante, sigam trabalhando, cuidando sobretudo dos mais desprotegidos, dos que mais são deixados de lado. Vocês, por favor, rezem por mim, que Deus os abençoe”, disse o Papa no vídeo, em espanhol.
De acordo com o padre Antonio Rodrigues Alves, fundador e articulador da iniciativa, o projeto nasceu em 15 de junho de 2021, por conta da vulnerabilidade da população da região do São Marcos. A distribuição de cestas básicas não era suficiente para a segurança alimentar integral dessas pessoas.
“Pensamos em algo a mais para ajudar a essas pessoas. Por conta da crise econômica, desemprego, muita gente passou a não ter mais o gás para preparar comida em casa. Pensamos em juntar forças para dar a comida pronta”, explica o padre.
A informação chegou até o chefe da Igreja Católica porque o seu secretário pessoal é amigo do padre de Campinas, e Francisco sempre se interessa pelo que está acontecendo no mundo.
“Essa mensagem não é nova, é do ano passado. O Papa não tem WhatsApp, o secretário enviou a pedido dele direto para meu telefone. Eu não divulguei, mas depois de muita pressão, acabei colocando no grupo para os participantes do projeto, eu não me sinto proprietário da mensagem, apesar de ele falar meu nome, ela é para os voluntários”, explica Padre Antonio Alves.
O pároco demonstrou certo desconforto e timidez ao falar sobre o assunto.
“Fiquei muito surpreso, não esperava um vídeo do papa, foi bem significativo. Mas ele vazou, não sei quem compartilhou ele. Fico constrangido, não sabia que ia tomar essa proporção, não gosto de expor essas coisas. O papa enviou para valorizar as pessoas, não gosto de falar porque fica a impressão de que estou fazendo para ter visibilidade. Não quero que vire uma coisa pessoal. É um trabalho coletivo. Não falei para ninguém que recebi o vídeo diretamente, estou falando pela primeira vez, para você”, defende.
Padre Antonio Alves diz ainda que o projeto não distribuiu apenas alimentação, mas consciência também.
“A gente não quer se tornar assistencialista. Queremos que as pessoas saibam por que estão ali pegando comida, que saibam que a fome está no nosso país, que saibam do momento econômico e político, a cozinha também tem esse viés”, afirma.
Inspirados na ideia de Francisco, o projeto tenta gerar a menor quantidade de resíduos possíveis.
“A gente não serve marmitex, por exemplo, por conta do cuidado com o meio ambiente, com o lixo que demora muito tempo para se decompor. O único critério para as pessoas levarem a comida é que tragam as vasilhas de casa”, explica.
As refeições são servidas diariamente, a partir do meio-dia, na Rua Felinto de Almeida, 95, Jardim São Marcos.
Quem quiser, pode doar alimentos como itens da cesta básica, legumes e verduras, proteínas ou valores. Quem quiser também pode atuar como voluntário, basta entrar em contato no telefone do padre, que também funciona como chave PIX: 19 99135-8282.