O vereador Paulo Bufalo (PSOL) criou um projeto de lei para acabar com o confinamento de animais de médio e grande porte no Bosque do Jequitibás, em Campinas. Se o projeto de lei for aprovado na Câmara e sancionado pelo prefeito, o prazo para que o zoo do Bosque seja fechado será de um ano a partir da data de publicação da lei.
“O Bosque dos Jequitibás é um patrimônio cultural e ambiental de Campinas, mas preserva em suas dependências um zoológico com confinamento degradante de animais de grande e médio porte, proveniente de biomas diversos”, diz o vereador na justificativa do projeto.
“Além disso, o fato de estar localizado na área central da cidade, cercado por avenidas de trânsito intenso e também por ficar na região onde estão localizados os dois principais estádios de futebol da cidade, gera barulhos que comprometem ainda mais qualidade de vida desses animais em confinamento”, argumenta o vereador.
Em 2019, a Prefeitura enviou um projeto à Câmara de Vereadores em que explicou que faria a desativação das jaulas em até dez anos
Em 2019, a Prefeitura enviou um projeto à Câmara de Vereadores em que explicou que faria a desativação das jaulas em até dez anos, à medida que os animais morressem, sem que houvesse qualquer tipo de reposição. No local, continuariam apenas os animais que já vivem soltos no ambiente. A proposta da Prefeitura ainda não foi votada. O projeto de Bufalo, porém, prevê que os animais enjaulados e provenientes de outros biomas deverão ser transferidos para locais adequados em um prazo bem menor.
“A ideia é acabar com animais que vivem enjaulados no bosque, em recintos inadequados. Essa discussão não está sendo feita apenas em Campinas, pelo Conselho de Proteção e Defesa Animal, ativistas e movimentos sociais. É um debate internacional. Tem a ver com a educação das pessoas com o meio ambiente e com os outros seres vivos”, explica Bufalo.
O projeto do vereador permite à Prefeitura firmar convênios com entidades estruturadas e capacitadas para garantir o bem-estar dos animais, sendo que tais convênios deverão ser aprovados e monitorados pelo Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (CMPDA).
O projeto não prevê alterações no funcionamento das outras atividades do Bosque permite no local a permanência de animais de pequeno porte livres
O projeto não prevê alterações no funcionamento das outras atividades do Bosque dos Jequitibás e permite que, como já planejado, continuem existindo no local os animais de pequeno porte livres, que deverão receber alimentação, cuidados e proteção do órgão público responsável pela área.
De acordo com o vereador, são recorrentes os relatos de moradores da região de animais que fugiram e invadiram residências, assim como sons agonizantes de animais durante a noite. “Essa situação já foi alvo de várias denúncias de entidades protetoras de animais e relatadas em um laudo técnico produzido em 2014, e são de conhecimento do CMPDA”, observa.
Ele ainda afirma que há movimentos de apoio nesse sentido e que isso deve sensibilizar a Câmara a aprovar o projeto de lei. “Há um apelo da cidade que ajuda a sensibilizar a Câmara. O que queremos é acabar com o sofrimento de animais no Bosque. Ele vai continuar sendo local de esporte, lazer, cultura e preservação ambiental, mas, não mais de contemplação desses animais enjaulados”, conclui.
Outro lado
A Prefeitura reforça que enviou à Câmara em 2019 um projeto que prevê que os animais que hoje vivem em cativeiro no Bosque dos Jequitibás permanecerão no local, recebendo os mesmos manejo e tratamento de acordo com as instruções normativas do Ibama e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, enquanto viverem. Quando morrerem, esses animais não serão substituídos.
A Administração lembra que o zoológico do Bosque não recebe animais em cativeiro há 20 anos e, segundo o Secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, o parque deixou de ser um local para exposição de animais e se transformou em um local para ajudar na preservação da fauna.
“O zoo do Bosque é o único lugar em Campinas que recebe animais resgatados pela Polícia Ambiental que foram vítimas de maus tratos, atropelados ou apreendidos”
“O zoo do Bosque é o único lugar em Campinas que recebe animais resgatados pela Polícia Ambiental que foram vítimas de maus tratos, atropelados ou apreendidos”, diz o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella.
“Se o zoo do Bosque fechar, não vai ter outro local que faça em Campinas a recuperação dos animais resgatados. Além disso, se os animais que estão lá hoje em cativeiro forem soltos em habitat natural, eles não sobreviveriam porque não sabem caçar e estão acostumados com os cuidados dos tratadores”, argumenta ele.
“Seria um prejuízo para os animais”, garate o secretário de Serviços Públicos.