O projeto Repertório Aberto, em curso no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) dentro das celebrações pelos 60 anos da instituição, é um exemplo vibrante de como o educativo não é um apêndice do museu, mas seu coração pulsante.
Longe de se limitar à explicação formal de obras ou à condução de visitas guiadas, o educativo assume o papel de mediador, ativador de conversas, tradutor de silêncios. E, sobretudo: escutador.
Conforme os organizadores, a proposta é simples, mas profundamente transformadora: convidar o público — artistas, estudantes, professores, frequentadores, curiosos — a reimaginar o museu a partir de suas próprias experiências. O educativo entra aqui como articulador dessa escuta ativa.
Em vez de apenas ensinar, aprende. Em vez de explicar, provoca perguntas.
Na prática, o educativo tem operado como ponte entre diferentes mundos: o das imagens e o das palavras, o das instituições e o das pessoas, o da memória e o da invenção. É nesse espaço entre que o Repertório Aberto se firma, abrindo lugar para o inesperado, para o afeto, para o contraditório.
E essa escuta se materializa em práticas. Julho chega com uma série de ações gratuitas e abertas para toda a comunidade :
♦ 05/07 (13h às 15h) – Oficina de Zine com Ravi Moutz e Kaetê
Conduzida por Ravi com participação do arte-educador Kaetê, voltada a maiores de 16 anos. Uma imersão no universo gráfico e político dos fanzines em três atos: história dos zines e suas resistências, um jogo lúdico de telefone sem fio visual e, por fim, a criação coletiva de zines como gesto de reapropriação estética e política.
♦ 12/07 (11h às 12h) – Tem bebê no museu! com Nalú Lucchese
Atividade sensorial voltada a crianças de 0 a 3 anos e seus responsáveis. Mediado por Nalú, a manhã começa com contação de histórias e segue com experimentações táteis e visuais a partir de livros sensoriais feitos especialmente para o encontro.
♦ 18/07, às 15h – Roda de Conversa com Fábio Magalhães, curador da exposição “De Ruínas e Sonhos” e com o convidado Prof. Jorge Coli.
♦ 19/07 (11h às 12h30) – MACC Bilíngue – Visita em Libras às exposições com JP Acciari
Com mediação de artista-educadore JP Acciari, a visita contempla dois núcleos expositivos: Isso é Livro?! e De Ruínas e Sonhos. Um convite para que surdos e ouvintes explorem juntos os sentidos da arte contemporânea, em um percurso que valoriza o gesto, o olhar e o silêncio como modos de escuta.
♦ 19/07 (13h30 às 15h) – Finissagem e roda de conversa com artistas da exposição “ISSO É LIVRO!? – Livro de Artista como Possibilidade Poética”
Roda de conversa com artistas participantes da mostra, celebrando o encerramento de uma exposição que propôs o livro como objeto expandido
♦ 26/07 (10h às 12h30) – Abertura GT de Acessibilidade com Lara Souto, no Salão Vermelho
Reunião aberta no Salão Vermelho que marca o início de um grupo de trabalho voltado à inclusão e acessibilidade, com foco em construir políticas públicas de longo prazo dentro da instituição.
♦ 26/07 (a partir das 11h) – Abertura das exposições: “Da raiz à pele” do Márcio Elias e “Cidades Invisíveis” de Corina Miyamoto Conceição Ishikura
Com obras de Márcio Elias e Corina Miyamoto Conceição Ishikura, os trabalhos tensionam corpo, cidade e memória, em poéticas que cruzam o autobiográfico com o urbano, o sensível com o político.
A programação destaca o ethos do Repertório Aberto e é possível pela parceria entre o projeto, o Museu de Arte Contemporânea de Campinas e as proponentes das exposições contempladas pelo edital de ocupação do museu de 2024, ressaltam os organizadores.