Quem olhará por nós? (Carta aberta ao prefeito de Campinas, Dário Saadi, e aos nobres vereadores de Campinas)
Por Kátia Fonseca
Minha irmã – Claudia Fonseca Dias Pinto, 72 anos – está há mais de um mês na UTI do Hospital Beneficência Portuguesa, em Campinas, para se submeter ao tratamento de hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Quando ela deu entrada no hospital, estava muito mal e, realmente, precisava dos cuidados intensivos de uma UTI. Mas ela foi se recuperando e, em duas semanas, já estava bem melhor.
Agora, depois de um mês, ela tem vida normal, não fosse o fato de precisar fazer hemodiálise a cada dois dias. Na mesma situação que ela, existem mais três pacientes na UTI da Beneficência Portuguesa sem qualquer necessidade de ocupar um leito numa UTI.
Todos estão aguardando, em uma fila, uma vaga em alguma clínica conveniada ao SUS para dar continuidade ao tratamento da hemodiálise.
Ao serem transferidos para a clínica, esses pacientes poderão ter vida normal – trabalhar, passear e conviver com a família -, indo à clínica apenas no momento de fazer a hemodiálise.
A pergunta que não quer calar: o custo de uma diária em uma UTI é mais barato do que uma sessão de hemodiálise? Quem está pagando isso é a população… Pois é a Prefeitura de Campinas que regula essa fila da diálise pelo SUS.
Esses pacientes que não precisam estar na UTI estão correndo risco de infecção além de – o que é o mais dramático – ocupar um leito sem necessidade, tirando a vaga de alguém que precise realmente estar numa UTI.
Que fila é essa que não anda? Eu e os familiares dos outros três pacientes que estão da UTI da Beneficência – a mesma situação deve estar acontecendo em outros hospitais – queremos respostas do prefeito Dario Saadi (que, a propósito, é médico) e dos nobres vereadores.
Quem olhará por nós?
Kátia Fonseca é jornalista