Uma morte no trânsito de Campinas a cada dois dias. E 60% dos acidentes de trânsito no período de 2018 a 2022 concentrados em três corredores urbanos: 18 (36%) na avenida John Boyd Dunlop (JBD); sete (14%) na avenida das Amoreiras e cinco (10%) na avenida Ruy Rodriguez. Estes corredores também concentram 17% dos óbitos: 37 (10,9%) na avenida JBD, sendo oito em 2022; 12 (3,5%) na Amoreiras, sendo três em 2022; e 11 (3,2%) na Ruy Rodriguez, sendo dois em 2022.
Esses dados constam do Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito 2022, apresentado nesta segunda-feira (27) pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec). O documento detalha o perfil das 151 vítimas do trânsito campineiro no ano passado e traz um panorama dos sinistros (acidentes) ocorridos em Campinas em 2022.
O anuário detalha também os fatores de risco presentes em cada sinistro e revela que o álcool é o principal deles.
Entre 65 sinistros fatais em vias urbanas no ano passado, cujas vítimas faleceram em até 30 dias, foram analisados 62 casos (95,4%). Nesse recorte, os fatores de risco álcool e velocidade aparecem em 34 (54,8%) e 26 (41,9%) dos sinistros, respectivamente. Em 13 (21%) dos casos, o álcool e a velocidade estavam presentes ao mesmo tempo.
O anuário apresenta a evolução da mortalidade no trânsito de Campinas nos últimos 10 anos, com ênfase aos dados de 2022; e serve para apoiar a promoção de políticas públicas voltadas para a redução das mortes e lesões no trânsito. O documento contém análises detalhadas sobre o perfil das vítimas, locais críticos para acidentalidade e fatores de risco que motivaram os óbitos.
Foram 1.522 mortos no trânsito nos últimos 10 anos e, em 2022, 151 pessoas perderam a vida em 143 sinistros (acidentes) no trânsito campineiro, sendo 76 (50,3%) óbitos em vias urbanas e 75 (49,7%) mortes em rodovias do perímetro urbano.
O número representa uma morte no trânsito a cada dois dias. Já no período de janeiro a outubro de 2023, foram 128 vítimas fatais, sendo 61 mortes na malha urbana e 67 em rodovias.
Queda
Também foram antecipados dados parciais de acidentes registrados entre janeiro e outubro de 2023, quando foram computados 128 mortes em vias urbanas e rodovias.
“Os números parciais de 2023 apontam que estamos no caminho certo. Quando olhamos para a malha urbana, tivemos quatro vidas salvas. Isso se deve ao trabalho de toda a equipe da Emdec, que realiza ações contínuas para reforçar a sinalização na cidade, fiscalizar condutas irregulares no trânsito, realizar intervenções em pontos de acidentalidade e educar a população, por meio das campanhas de segurança viária”, destacou o presidente da Emdec, Vinicius Riverete.
A Emdec vem divulgando, mensalmente, dados preliminares sobre os sinistros fatais ocorridos em 2023. O boletim contendo números do mês de outubro foi antecipado durante o evento e aponta a queda de 6,6% nos óbitos registrados nas vias urbanas, no período de janeiro a outubro de 2023, comparado com o mesmo período de 2022. Foram 61 vidas perdidas, contra 65 no ano anterior.
Os dados de 2023 também mostram vidas salvas entre os motociclistas e pedestres na malha urbana.
Entre janeiro e outubro, as mortes envolvendo motocicletas e garupas, principais alvos das campanhas de segurança viária, caíram 13%, no comparativo com 2022 – 28 contra 32. Já entre os pedestres, foram 8,3% menos mortes de janeiro a outubro – 22 óbitos neste ano, contra 24 em 2022.
Homenagens às vítimas
Nesta segunda também ocorreu um ato simbólico alusivo ao Dia Mundial em Memória das Vítimas de Sinistros de Trânsito, lembrado em 21 de novembro. Para homenagear as vidas perdidas, os participantes receberam velas, que foram depositadas em um painel alusivo à data. E no cruzamento da avenida Anchieta com a rua Barreto Leme, 151 flores brancas foram distribuídas aos motoristas e uma faixa “viva” chamou a atenção para o número de mortos.
O ato simbólico contou com a presença de Grazielly dos Santos Alves e sua mãe Maria Poliana Barbosa dos Santos. Ao participar do ‘rolezinho’ de motos em julho, Grazielly e seu esposo, Vitor Gabriel Rodrigues do Nascimento, colidiram com uma carreta na Rodovia Santos Dumont (SP-075). Vitor não resistiu aos ferimentos e faleceu aos 20 anos. Grazielly, que também tem 20 anos, sofreu uma fratura exposta e teve uma compressão medular.
“Meu recado para as pessoas que procuram adrenalina é que a sua vida pode parar completamente como consequência. Hoje, sou dependente de todo mundo ao meu redor. Que as pessoas tenham mais consciência no trânsito, não só ao dirigir em rodovias, mas também dentro da cidade”, enfatizou Grazielly.
Sinistros 2022: dados inéditos do anuário
Entre os dados apresentados no anuário pela primeira vez estão a qualificação dos veículos envolvidos nos sinistros, fatores de risco e ranking detalhado dos corredores que mais registraram acidentes. O anuário foi apresentado pelo coordenador da área de Gestão da Base de Dados da Emdec, Marcelo Luiz de Araújo Antônio.
“Poucos municípios realizam um trabalho dessa complexidade no que se refere à análise dos dados de sinistros, é um trabalho referência”, explicou.
Parceira da Emdec na elaboração do relatório anual de sinistralidade no trânsito de Campinas 2022, a Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global foi representada pela coordenadora do eixo de dados e evidências, Mariana Novaski. “Esse trabalho marca a importância do uso dessas informações na construção de políticas cada vez mais assertivas para combater esse grave problema de saúde pública, que são as mortes e lesões no trânsito”, disse.
Dos 35 motociclistas/garupas mortos em vias urbanas, 17 (48,6%) se chocaram contra obstáculos fixos, 10 (28,6%) colidiram contra automóveis, três (8,6%) tiveram queda acidental, dois (5,7%) colidiram contra ônibus, um (2,9%) colidiu contra outra motocicleta e um outro faleceu em decorrência de um atropelamento de pedestre. Entre os 28 pedestres mortos em vias urbanas, 16 (57,1%) foram atingidos por automóveis, cinco (17,9%) por motocicletas, quatro (14,3%) por ônibus e um (3,6%) por caminhão. Nos casos que restaram de cada grupo, não há informações.
Confira, abaixo, outros dados do anuário de acidentes fatais em 2022:
– 13,26 é a taxa de óbitos a cada 100 mil habitantes – o número é 23,3% menor ao início da série histórica (17,29 em 2013) e 7,5% maior ao registrado em 2021 (12,34).
– Aumento de 10,7% dos óbitos em relação à média dos últimos cinco anos.
– Um motociclista morto a cada cinco dias: 47% (71) do total de óbitos eram motociclistas ou garupas – aumento de 2,9% em relação a 2021.
– Um pedestre morto a cada sete dias: 31,8% (48) do total de óbitos eram pedestres – aumento de 17,1% em relação a 2021 (vias urbanas e rodovias).
– Vítimas fatais vias urbanas: 35 motociclistas, 28 pedestres, oito ocupantes demais veículos e cinco ciclistas.
– Vítimas fatais rodovias: 36 motociclistas, 20 pedestres, 17 ocupantes demais veículos e dois ciclistas.
O relatório completo pode ser acessado em https://www2.emdec.com.br/eficiente/repositorio/2023/34738.pdf.