A CPI da Covid-19 no Senado Federal vive nesta quarta-feira (20) um de seus últimos capítulos. Depois de mais de seis meses de trabalho, o colegiado finaliza a investigação com a leitura do relatório final pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Até a noite desta terça-feira, havia três grandes divergências, que foram aparadas. A ala moderada prevaleceu. Renan queria incluir na lista de crimes supostamente cometidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, as acusações de genocídio contra indígenas e o homicídio doloso (quando há intenção de matar). Foi convencido a retirar.
O entendimento é que ambos poderiam macular os trabalhos, passando a ideia de postura política da CPI. Outro argumento é que seria complicado convencer a Justiça de que Bolsonaro teve intenção de exterminar índios e assassinar brasileiros com a adoção de sua política.
De qualquer forma, na avaliação da CPI, o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime contra a humanidade durante a pandemia da Covid-19. Essa é a leitura do relator após uma maratona de quase 70 reuniões. O objetivo da comissão foi apurar responsabilidades pelas mais de 600 mil mortes provocadas pelo coronavírus no Brasil.
O relatório produzido pelo senador Renan Calheiros e vazado antes de sua leitura oficial (fato que provocou críticas dentro e fora da CPI) aponta para uma rede de fake news, negacionismo, charlatanismo, insistência com o Kit Covid (sem comprovação científica), omissão, incentivo a aglomerações, deboche às máscaras e relutância em comprar vacinas, além de um suposto esquema de corrupção na tentativa de adquirir lotes da Covaxin.
A CPI foi palco de embate político entre governistas e opositores ao longo desse tempo. Os bolsonaristas acusam o colegiado de ação meramente política, com o objetivo de atingir Bolsonaro e enfraquecê-lo para as eleições de 2022. Já os antigovernistas apontam para a insensibilidade e omissão do presidente e seus apoiadores, que desdenharam do vírus desde o início.