A presença no meio de campo era segura. A eficiência tanto no ataque quanto na defesa enchia os olhos. E Adílio se transformou no encaixe ideal em um dos maiores times da história do futebol brasileiro. Ao lado de Andrade, Zico, Nunes, Leandro, Júnior, entre outras feras, ajudou a revestir aquele Flamengo do final dos anos de 1970 e início dos 80 de magia. Nesta segunda-feira (5), se despediu deixando na lembrança dos que tiveram a oportunidade de vê-lo em campo a imortalidade de seus desarmes, passes e gols. Aos 68 anos, foi vencido por um câncer no pâncreas.
Em Campinas, Adílio entrou para a história. Foi personagem de um dos maiores jogos já realizados na cidade e que ficou registrado com um recorde. Nada menos do que 52.002 torcedores se espremeram nas arquibancadas do Brinco de Ouro naquele 15 de abril para não perder a semifinal do Campeonato Brasileiro de 1982 entre Guarani e Flamengo.
Trata-se do maior público do estádio. Era tanta gente que quem decidisse levantar do assento, não conseguia mais sentar. O sofrimento, no entanto, não foi em vão.
Embora tenha ficado para o torcedor bugrino a lamentação da derrota por 3 a 2 e as reclamações em razão da atuação polêmica do árbitro Carlos Sérgio Rosa Martins, a história ressalta o encontro em campo de dois gigantes. O Guarani de 82 era comandado por Jorge Mendonça, que na época “cheirava” gol.
Careca completava o ataque ao lado de Zezé, Banana e Lúcio, com o gaúcho Éderson “carregando o piano” no meio de campo. Do outro lado, visitava Campinas o time campeão mundial no ano anterior, com Adílio, autor de um dos gols na vitória rubro negra por 3 a 0 sobre o Liverpool, na decisão do Japão, entre os titulares.
Os gols no Brinco de Ouro foram marcados pelos principais personagens de cada lado: Zico fez os três do Flamengo, enquanto Jorge Mendonça anotou os dois do Guarani. E a partida foi uma das 617 de Adílio com a camisa do clube carioca. Ele é o terceiro jogador que mais vezes atuou pelo Fla na história.