Não faltam exemplos de jogadores revelados no futebol campineiro que chegaram à Seleção Brasileira ao longo das décadas. Quando o assunto é Ponte Preta, diversos nomes vêm à cabeça, especialmente de defensores, como os goleiros Waldir Peres e Carlos, ou então os zagueiros Oscar e André Cruz. No entanto, foi um atacante que iniciou essa história há mais de 60 anos: Sabará.
Nascido no dia 18 de junho de 1931, em Atibaia, no interior de São Paulo, Onofre Anacleto de Souza ganhou ainda criança o apelido pejorativo de Sabará, uma espécie de jabuticaba preta. Pegou. Com essa alcunha, ele iniciou a carreira na Ponte Preta no fim da década de 40, atuando no Majestoso durante três temporadas, entre 1949 e 1951, período em que marcou 58 gols em 116 jogos.
Negociado com o Vasco da Gama, em uma troca que envolveu seis jogadores vascaínos e mais 800 contos, uma quantia considerável para os padrões da época, Sabará ganhou fama no futebol carioca, onde permaneceu por pouco mais de uma década, chegando a 15 anos vestindo camisas alvinegras com faixas transversais, contando o tradicional uniforme pontepretano.
Sabará integrou o primeiro esquadrão pontepretano formado após a inauguração do estádio Moisés Lucarelli, ocorrida em setembro de 1948. No início dos anos 50, a Macaca contava com grandes jogadores como o lendário goleiro Ciasca, o imponente zagueiro Stalingrado e o irreverente atacante Atis.
Ao longo de um extenso período de 12 anos em que defendeu as cores do Vasco, entre 1952 e 1964, Sabará conquistou três campeonatos estaduais, em 1952, 1956 e 1958, além de um Torneio Rio-São Paulo, em 1958.
Ao todo, Sabará disputou 576 partidas pelo Vasco, número que lhe confere a terceira colocação na lista de jogadores que mais vestiram a camisa cruzmaltina, atrás apenas de Roberto Dinamite (1108), maior artilheiro e ídolo do clube, e Carlos Germano (632).
História na Seleção Brasileira
Ponta-direita de qualidade, Sabará atuou pela Seleção Brasileira entre os anos de 1955 e 1960. Ao todo, foram 11 jogos, com oito vitórias, um empate e apenas duas derrotas.
Convocado pela primeira vez pelo técnico Flávio Costa, aos 24 anos, Sabará estreou com a camisa da Seleção Brasileira no dia 13 de novembro de 1955, mesma data em que marcou o seu único gol vestindo a amarelinha.
Sabará anotou o segundo tento da vitória brasileira por 3 a 0 sobre o Paraguai, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Os outros dois gols foram marcados pelo lendário meia Zizinho. O fantástico time brasileiro ainda contava com nomes históricos do futebol brasileiro como Djalma Santos, Didi e Vavá.
Templo sagrado do futebol, palco da estreia de Sabará com a camisa verde amarela, o Maracanã havia sido inaugurado cinco anos antes para sediar a Copa do Mundo de 1950, no Brasil. Aquela competição terminou com a traumática derrota do Brasil por 2 a 1 para o Uruguai, no fatídico “Maracanaço”, que se tornou o maior martírio da vida do goleiro campineiro Barbosa, devido a uma suposta falha no lance do gol do título uruguaio, marcado pelo atacante Ghiggia, faltando apenas 10 minutos para o fim da partida.
O triunfo por 3 a 0 sobre o Paraguai, com um dos gols marcados por Sabará, logo em sua estreia com a amarelinha, garantiu ao Brasil a conquista da Taça Oswaldo Cruz, disputada ocasionalmente entre os anos de 1950 a 1976, com o objetivo de promover o intercâmbio esportivo entre os dois países.
Em 1960, em suas últimas convocações para a Seleção Brasileira, já com o técnico Vicente Feola no comando, Sabará ajudou a equipe canarinho a conquistar os títulos das antigas Copa Roca (posteriormente rebatizada de Superclássico das Américas) e Taça do Atlântico, ambos com goleadas históricas sobre a grande rival Argentina: a primeira por 4 a 1 na prorrogação, em pleno Monumental de Núñez, em Buenos Aires, revertendo derrota por 4 a 2, e a outra por 5 a 1 de virada, em jogo único no Maracanã, com um gol de Pelé e dois de Pepe.
Sabará não chegou a disputar uma edição de Copa do Mundo, porém participou de ambos os ciclos que culminaram nos dois primeiros títulos mundiais do Brasil, conquistados consecutivamente em 1958, na Suécia, e em 1962, no Chile.
Logo na sequência do pontepretano Sabará, que debutou na Seleção em novembro de 1955, o goleiro Paulo Martorano se tornou mais um jogador formado no futebol campineiro, o primeiro da história do Guarani, a ser convocado para defender a amarelinha.
Revelado no Brinco de Ouro, Paulo Martorano integrou a delegação brasileira na Copa América de 1956, à época ainda sob o nome de Campeonato Sul-Americano.
À época, Martorano ainda atuava pelo Guarani, antes de se transferir para o São Paulo, e fazia parte da Seleção Paulista que representou o Brasil na competição continental. Reserva do lendário arqueiro Gylmar dos Santos Neves, bicampeão mundial com o Santos e a Seleção Brasileira, Martorano não chegou a entrar em campo no torneio sul-americano, vencido pelo Uruguai.