Pouco mais de 12h depois de ter sido vaiado, xingado e também aplaudido ao entrar, de surpresa, num avião comercial, em Vitória (ES), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) promoveu uma mega-aglomeração nas ruas da capital paulista, num evento denominado de motociata. Sem máscara, assim como a maioria dos demais participantes do encontro, e usando um capacete irregular, fora dos padrões exigidos pelas leis de trânsito, Bolsonaro liderou neste sábado de manhã um passeio que tem sido avaliados por aliados como “demonstração de força política”.
A motociata acontece também dias depois de o presidente sugerir que pessoas vacinadas e que já tiveram a Covid-19 deixassem de usar máscaras. Bolsonaro já teve o coronavírus, mas não foi vacinado (pelo menos publicamente). A sugestão do presidente foi duramente criticada por infectologistas, que argumentam que a máscara de proteção deve ser um instrumento a partir de agora para uso regular, principalmente em ambientes fechados e com aglomeração. Os especialistas lembram que mesmo as pessoas vacinadas podemo transmitir o vírus.
Na sexta-feira à noite, numa aeronave da companhia aérea Azul, com destino ao Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, Bolsonaro teve dupla reação popular: gritos de mito e pedidos para selfie, mas também xingamentos e gritos de “genocida”. A confusão ganhou as redes sociais e foi motivo de brigas entre bolsonaristas e oposicionistas, ampliando o já polarizado debate virtual. O governador João Doria (PSDB), entrevistado por uma emissoa enquanto a motociata acontecia, afirmou que Bolsonaro será multado por estar sem máscara e promover aglomeração.
Na aglomeração de motociclistas, organizado por motoclubes, houve impacto no trânsito de São Paulo, com interdições em vias importantes como Avenida do Estado e Praça Campo de Bagatelle, além das marginais Pinheiros e Tietê. Houve inclusive um percurso pela Rodovia dos Bandeirantes, em direção a Jundiaí. O evento ganhou o nome de “Acelera para Cristo”. A Polícia Militar e a Companhia de Engenharia de Tráfego cuidaram da organização do trânsito. A previsão de término do evento era 14h.
Entrega de boinas
A motociata ocorreu após cerimônia de entrega das boinas aos alunos do sexto ano do Ensino Fundamental no Colégio Militar de São Paulo, do qual participou o presidente. Ele estava acompanhado do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes. O presidente entregou pessoalmente a boina a um dos estudantes.
A entrega da boina é feita após os estudantes passarem pelo período de adaptação ao Colégio Militar. A cerimônia marcou a incorporação dos estudantes à instituição. Após a solenidade, o presidente seguiu para o encontro com os apoiadores.
(Com informações da Agência Brasil)