O visual lembra sarampo. Pode até sugerir, de longe, uma urticária ou picada de inseto. Mas a verdade é que uma síndrome viral muito comum entre as crianças tem deixado em alerta as famílias, os educadores e os infectologistas. Trata-se da doença mão-pé-boca (DMPB), de fácil transmissão, sobretudo em escolas e creches, onde os pequenos e pequenas têm contato muito próximo. A síndrome, transmitida pelo vírus Coxsackie, é uma enfermidade bastante contagiosa.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Cox é da família dos enterovírus que habitam normalmente o sistema digestivo e também podem provocar estomatites (espécie de afta que afeta a mucosa da boca). Embora possa acometer também os adultos, ela é mais comum na infância, antes dos cinco anos de idade. O nome da doença se deve ao fato de que as lesões aparecem mais comumente em mãos, pés e boca.
A Secretaria Municipal de Saúde confirmou o avanço dos casos em Campinas. No ano passado, em 12 meses, foram registradas 59 surtos, com 300 pessoas atingidas. Neste ano, em apenas três meses, foram 467 casos, dos quais 415 só em março. Ao todo, até agora foram notificados 101 surtos na cidade (um em janeiro, oito em fevereiro e 92 em março).
Nas escolas públicas e privadas da região de Campinas, o tema chegou com força diante do alastramento dos casos.
Professores, pais e infectologistas têm se debruçado no assunto e buscado estratégias de prevenção e orientação. Algumas unidades têm promovido lives e palestras. E também utilizado as suas redes sociais para divulgar informações de conscientização.
Em Hortolândia, as aulas da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental João Carlos do Amaral Soares foram suspensas na última quarta-feira por conta de um surto na unidade. As autoridades de saúde da cidade reportaram 57 casos confirmados ou suspeitos da DMPB no local.
Transmissão
O vírus pode ser transmitido por contato com secreções das vias respiratórias (tossir, espirrar e falar), secreções das feridas das mãos ou dos pés e pelo contato com fezes dos pacientes infectados (transmissão oral fecal).
Por isso é importante se precaver em situações como beijos, ingestão de água e alimentos compartilhados com alguém infectado, troca de fraldas, aperto de mão com alguém contaminado, contato com brinquedos ou objetos que possam ter sido contaminados por mãos sujas, entre outras.
Os pais e responsáveis, assim como as escolas devem ficar atentos aos sintomas, que costumam durar de sete a dez dias.
No entanto, mesmo recuperada, a criança pode transmitir o vírus pelas fezes durante aproximadamente quatro semanas. Por este motivo, o cuidado com as trocas de fraldas dever ser mantido.
Os principais sintomas
♦ Febre alta nos dias que antecedem o surgimento das lesões
♦ Aparecimento, na boca, amígdalas e faringe de manchas vermelhas com vesículas no centro que podem evoluir para ulcerações muito dolorosas
♦ Erupção de pequenas bolhas em geral nas palmas das mãos e plantas dos pés, mas pode ocorrer também nas nádegas e na região genital
♦ Mal-estar, falta de apetite, vômitos e diarreia
♦ Por causa das lesões na boca e dor de garganta, podem surgir dificuldades para engolir e muita salivação
Somente médicos e cirurgiões-dentistas devidamente habilitados podem diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
Prevenção e tratamento
♦ Não há vacina para proteger contra o vírus que causa a síndrome mão-pé-boca. Por isso, é fundamental adotar medidas adequadas de higiene pessoal e do ambiente, além do isolamento social dos doentes.
♦ Sempre que a criança apresentar os sintomas é importante procurar avaliação médica imediata para orientação e tratamento adequado. As lesões orais podem dificultar a deglutição. Por isso, é preciso cuidar da hidratação das crianças.
Medidas importantes
♦ Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente depois de trocar fraldas e usar o banheiro
♦ Promover a limpeza e desinfecção (com álcool a 70% ou mistura de água e água sanitária) de superfícies frequentemente tocadas e itens sujos, incluindo brinquedos
♦ Evitar contato próximo, como beijar, abraçar ou compartilhar utensílios, copos e alimentos
Recomendações
♦ Nem sempre a infecção pelo vírus Coxsackie provoca todos os sintomas clássicos da síndrome. Há casos em que surgem lesões parecidas com aftas na boca ou as erupções cutâneas; em outros, a febre e a dor de garganta são os sintomas predominantes
♦ Alimentos pastosos, como purês e mingaus, assim como gelatina e sorvete, são mais fáceis de engolir
♦ Bebidas geladas, como sucos naturais, chás e água são indispensáveis para manter a boa hidratação do organismo, uma vez que podem ser ingeridos em pequenos goles
♦ Lembre-se sempre de lavar as mãos antes e depois de lidar com a criança doente, ou levá-la ao banheiro. Se ela puder fazer isso sozinha, insista para que adquira e mantenha esse hábito de higiene mesmo depois de curada
♦ Evitar, na medida do possível, o contato muito próximo com o paciente (como abraçar e beijar)
♦ Cobrir a boca e o nariz ao espirrar ou tossir
♦ Manter um nível adequado de higienização da casa, das creches e das escolas
♦ Não compartilhar mamadeiras, talheres ou copos
♦ Afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas (geralmente 5 a 7 dias após início dos sintomas)
♦ Lavar superfícies, objetos e brinquedos que possam entrar em contato com secreções e fezes dos indivíduos doentes com água e sabão e, após, desinfetar com solução de água sanitária diluída em água pura (1 colher de sopa de água sanitária diluída em 4 copos de água limpa)
♦ Descartar adequadamente as fraldas e os lenços de limpeza em latas de lixo fechadas
Fontes: Secretaria Municipal de Saúde e Ministério da Saúde