Na primeira Black Friday do pós-pandemia, a chuva deu as caras e pode atrapalhar os planos dos lojistas. Nesta sexta-feira, dia dedicado às promoções do varejo, o Centro de Campinas amanheceu com uma fina garoa, exigindo guarda-chuva, sombrinha, agasalho e capuz. A Rua 13 de Maio e todo o seu entorno compõem o ponto forte do comércio central. Historicamente, nos tempos de grandes vendas, um verdadeiro formigueiro humano se forma nas alamedas, com vaivém frenético e entra-e-sai constante das lojas.
As primeiras impressões colhidas pela reportagem do Hora Campinas indicam uma venda ainda tímida pela manhã. O que é possível afirmar com toda a certeza é que existe uma grande competição entre as lojas para chamar a atenção dos clientes que circulam pela área central.
Faixas imensas, cartazes coloridos e com letras garrafais e vendedores posicionados para “capturar” o consumidor foram as estratégias definidas pelos comerciantes, não só de lojas familiares mas também de grandes redes varejistas.
O fim das restrições no horário de funcionamento trouxe perspectivas otimistas para o comércio na Região Metropolitana de Campinas (RMC) na Black Friday deste ano. Segundo as estimativas da Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), o varejo da região deve movimentar R$ 837 milhões – o que representa 31,6% maior que o registrado em 2020, quando o faturamento chegou em R$ 636 milhões.
Apenas em Campinas, estima-se que a Black Friday movimente R$ 440 milhões em vendas, o equivalente a 45% do total comercializado no ano passado.
Não é só o físico
Apesar da reabertura do comércio e do retorno gradual das atividades, as compras por meios digitais se fortaleceram como hábito de consumo durante a pandemia (especialmente para as gerações mais novas) e devem tornar a Black Friday deste ano a mais digital de todos os tempos. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o faturamento do setor para a data em 2021 será 25% maior, no comparativo com 2020.
Boa parte dessas transações acontecerá por meio do grande companheiro do brasileiro durante a pandemia: o celular. Ele passou a ser o principal canal de compras de 30% da população no último ano, de acordo com a pesquisa Global Consumer Insights Pulse Survey 2021 da PwC.
“Todos sabemos que a pandemia provocou grandes alterações de comportamento. Pelo tempo que está demorando, o ambiente associado a pandemia está incentivando mudanças de hábitos que irão impactar o comércio por muito tempo”, afirma Carlos Coutinho, sócio da PwC Brasil e líder de Consumer Markets. “A pandemia e todo o seu entorno, está criando novos hábitos de consumo e comportamentos da população bem distintos, que podem definir padrões de longo prazo em atitudes de compra”, diz.
Outras formas de compra
Os empresários já estão, em parte, acostumados a outros modelos de venda. Os sistemas “delivery”, “drive thru” e “take away” serão utilizados nesta sexta-feira na Black Friday, mesmo no comércio central. Isso ocorre, por exemplo, com uma venda feita pela internet ou por telefone, por exemplo, com a retirada na loja.
O economista e diretor da Acic, Laerte Martins, trabalha com um ticket médio de compras este ano da ordem de R$ 630,00, praticamente 5% acima do registrado em 2020.