Quem mora em Campinas e tem mais de 18 anos certamente já teve contato com alguma tira do Só Dando Gizada, um conteúdo que explora temas cotidianos pelo olhar de personagens ligados à Educação. Trata-se de uma iniciativa do jornalista e cartunista Dario Carvalho, o Djota, que é fã de quadrinhos desde a infância e canalizou seu talento para mergulhar no universo escolar, sejam as agruras da docência nem sempre valorizada sejam as idiossincrasias do alunado, com seus personagens dedicados e outros nem tanto.
Com um acervo de mais de quatro mil tirinhas em dez anos de publicação no Correio Popular, Só Dando Gizada volta à ativa em plataforma on-line, no Instagram. Ela pode ser conferida no endereço https://www.instagram.com/sodandogizada/. Quem entrar na página do autor acompanhará as divertidas histórias da professora dona Lena e dos alunos Niquinha, Doug, Kunta, Bobrinha e companhia.
“Mesmo estando sem publicar novas histórias desde 2014, constantemente as pessoas me cobram, dizem que gostariam de rever as tiras ou de ver material novo, o que é até natural, afinal há leitores que viram Só Dando Gizada diariamente no jornal por uma década, era quase parte da família deles. Acho que até demorou, então, pra entrar no Instagram, mas espero que a espera tenha valido a pena”, diz DJota.
Ele conta que o Insta de Só Dando Gizada será alimentado diariamente, fazendo um mix entre novas tiras – que serão publicadas pelo menos uma vez por semana , feitas já para o novo formato – e todas as antigas que criou desde a estreia em 2002.
“Eu até colocava algumas tiras antigas num blog, contando sobre como elas foram feitas, mas o Instagram é mais ágil e fácil, a pessoa já abre a própria conta e as tiras aparecem no celular dela, sem ter que ficar procurando na Internet”, pontua.
Nas novas tiras, o cartunista promete o mesmo humor com o qual os leitores se divertiam, mesclando as desventuras do mundo escolar com a crítica social. Na primeira inédita, por exemplo, o foco, lembra Djota, foi justamente o comportamento das pessoas no próprio Instagram, onde a maioria só posta coisas boas e uma vida de fantasia.
“Além disso, como a tira acontece em um ambiente escolar e por causa da pandemia as aulas on-line se tornaram algo presente no cotidiano, não vão faltar brincadeiras sobre esse tema. Um aluno bagunceiro como o Doug, por exemplo, sempre chegava atrasado e culpava o ônibus, mas agora a aula é na casa dele. Se engana quem acha que o comportamento dele vai mudar por causa disso, com certeza ele vai arrumar novas formas de burlar o sistema. Outra questão é que fica difícil para personagens de quadrinhos usar máscara, já que eles não têm voz e a expressão facial é fundamental para o leitor entender o que está ocorrendo: também vai rolar uma brincadeira mais gráfica com isso , diz.”
Já sobre as tiras antigas, DJota afirma que é interessante ver como o traço dos personagens foi mudando ao longo do tempo. Porém, ao mesmo tempo, ao ler algumas delas o leitor vai se surpreender ao ver que os argumentos continuam atuais inclusive em situações do cotidiano político. “É tristemente engraçado isso: o mundo continua se repetindo. Quando estava revendo as tiras para colocar no Instagram, vi algumas de 2005, por exemplo, em que os personagens ironizavam situações como a de uma CPI da época, mas que se aplicam perfeitamente à CPI do Coronavírus, que está ocorrendo agora”, recorda (veja abaixo tiras antigas do autor).