Rubem Costa nasceu em Campinas no início do século passado, em 22 de abril de 1919, um ano depois do fim da Primeira Guerra Mundial. Filho de Rubem e Olívia, menino pobre, mudou-se para Amparo aos 5 anos. Na adolescência, aos 16 anos, contraiu tuberculose. Superou.
Jovem, mirou o jornalismo e as letras. Começou seu ofício de jornalista bem cedo, fundando e dirigindo o jornal O Estudante, quando estava na Escola Normal, hoje Carlos Gomes, Centro de Campinas. Fundou também a Revista Palmeiras, da qual foi redator. Tudo isso nos anos 30.
Devido à precocidade de suas iniciativas jornalísticas, e seu notório talento para as letras, foi eleito, aos 18 anos, presidente da Rede Jornalística Estudantina de Campinas.
Naquela época, já integrava o corpo de redatores do jornal Diário do Povo, fundado em 1912. O veículo saiu de circulação 100 anos depois, em 2012, quando estava sob o controle do Grupo RAC, após ter sido adquirido da família Quércia em 1996.
Seu início no Diário do Povo foi de aprendizado, como todo jovem, mas já ocupava as páginas do jornal com sua veia literária. Ele publicava poemas com o pseudônimo Veríssimo dos Prazeres.
O Hora Campinas teve acesso a uma relíquia, guardada com extremo zelo por sua filha, Beth, com quem mora. Trata-se da carteira de identidade do jovem Rubem Costa, então funcionário do Diário do Povo. O documento em preto e branco é atestado de seu longevo ofício no jornalismo. A carteira é de 1940.

O jornalista tem, portanto, mais de 80 anos de profissão, algo inimaginável nos tempos contemporâneos.
Em 1939, quando das celebrações do bi-centenário da cidade de Campinas, Rubem Costa exerceu o cargo de diretor do Departamento de Divulgação, incluindo um alcance nacional. Em 1941, ocupou o cargo de assistente-supervisor do Departamento de Imprensa e Relações Públicas da então Empresas Elétricas Brasileiras (atual CPFL).
Caminho para a Educação
O ingresso no Magistério acontece em 1943, em Amparo, como professor de Língua Portuguesa. Foi diretor de escolas oficiais de grau médio no estado de São Paulo. Nos anos 60, começa uma trajetória como dirigente de ensino. Primeiro, como inspetor do Ensino Secundário e, depois, em 1969, como diretor da V Divisão Regional de Educação, com sede em Campinas.
Nos anos 70, também formado em Direito, abriu seu escritório e atuou na defesa do funcionalismo público.

Letras, crônicas, livros
O acadêmico Rubem Costa passa a ocupar assento efetivo nas agremiações literárias a partir da década de 70. Em 1971, é um dos fundadores da Academia Campineira de Letras e Artes (CCLA). Dois anos depois, é eleito membro titular da Academia Piracicabana de Letras.
Desde então, trilha um caminho de muita produção intelectual, com crônicas regulares em jornais de Campinas, entre eles o Correio Popular, e publicação de livros. A lista é vasta. Sua última obra publicada, em 2019, é O Velho de Longas Barbas Brancas, da Pontes Editores, um livro de contos.
Com a pandemia da Covid-19, passa a viver recluso com a filha Beth, num apartamento em Campinas. Mas segue sua inquietude intelectual, pensando, elaborando ideias e produzindo crônicas. O Hora Campinas publicou duas delas, A Jangada e o Vento e A Ira Enjaulada, ambas em agosto último.
Na entrevista, o escritor, jornalista, cronista e professor Rubem Costa foi auxiliado por sua filha na conversa por plataforma virtual. Rubem manteve-se sempre atento. Lúcido, deixou uma mensagem que resume a sua história de intelectual longevo e persistente: “um homem jamais pode deixar de pensar e produzir”.
VEJA TRECHOS DA ENTREVISTA PARA A TV HORA CAMPINAS