A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) dá mais um passo na valorização da diversidade e dos múltiplos saberes que fazem parte da sociedade brasileira. Nesta sexta-feira (12), Dia Mundial da Cultura Hip-hop, a universidade inaugura o “I Arquivo Brasileiro de Hip-hop”, iniciativa que integra o Projeto de Memória Negra do Arquivo Edgard Leuenroth (AEL) da Unicamp.
É uma ação conjunta com Afro-Cebrap (Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial), com a participação do Centro de Estudos em Migrações Internacionais (CEMI-Unicamp).
A iniciativa está começando com a doação, feita por King Nino Brown, historiador autodidata e militante do movimento Hip-hop, do seu acervo. Dele fazem parte materiais que vão desde a memória dos Bailes Black nos anos 1970, a chegada do Hip-hop, a ocupação dos espaços públicos, até a formação de espaços institucionais, como as Casas de Hip-hop.
O evento de lançamento do arquivo será transmitido pelos canais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), a partir das 19 horas de hoje e faz parte das atividades do Unicamp Afro 2021. Participarão o historiador King Nino Brown e a rapper Sharylaine.
Em vários lugares do mundo há arquivos, centros de estudos e acervos sobre Hip-hop. Esses locais estão conectados a demandas da sociedade, especialmente de juventudes periféricas e não-brancas. Alguns exemplos são o “Hiphop Archive & Research Institute”, na Universidade de Harvard; a “Hip Hop Collection”, na Universidade de Cornell; a “Hiphop Literacies Conference”, na Universidade de Ohio; a “Tupac Shakur Collection”, na Biblioteca da Universidade de Atlanta; o “CIPHER: Hip Hop Interpellation”, na Universidade de Cork, La Place, e o “Centre Culturel hip-hop”, em Paris, dentre outros.
No Brasil, muitos dos que se engajaram na cultura do Hip-hop preservam acervos pessoais sobre o desenvolvimento e a consolidação do movimento no país. Eles apresentam interfaces com clubes sociais negros, articulação política das juventudes das periferias, movimento negro e movimentos sociais, com materiais que podem integrar o primeiro arquivo público sobre o tema.
São materiais que contribuem para a compreensão das experiências periféricas e negras no Brasil e elucidam contextos e acontecimentos históricos importantes. Ainda não houve um esforço de organização e sistematização dessas coleções e, em alguns casos, elas estão sendo desgastadas, descartadas ou esquecidas.
Segundo a Unicamp, “considerando a importância desses acervos para a memória negra do país e, também, para o chamado pensamento social brasileiro dá-se início assim ao ‘I Arquivo Brasileiro de Hip-hop'”.
(Com informações da Unicamp)