Ainda que os especialistas apontem vantagens do investimento em imóveis, a inflação e a instabilidade da economia trouxeram números negativos para o mercado imobiliário da região de Campinas. Levantamento feito pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Crecisp) com 130 imobiliárias e corretores de Campinas e região indicou queda nas vendas e na locação de casas e apartamentos usados no mês de março.
Na comparação com fevereiro deste ano, a variação ficou negativa em 6,71% nas vendas e em 1,58% nas locações. Os novos inquilinos têm buscado imóveis de preços mais baixos e os financiamentos bancários, com instituições públicas e privadas, contemplam 70% dos negócios fechados na região em março.
Para colaborar com a retração, o Índice Geral de Preços, o indicador conhecido como a inflação do aluguel, terminou o mês de abril em 1,41%. A alta acumulada no ano chega a 6,98% e a 14,66% nos últimos 12 meses. O IGP-M serve como parâmetro para o reajuste na maioria dos contratos de locação.
“As famílias estão sendo afetadas pela alta generalizada de preços, que acabou chegando ao setor imobiliário. O poder aquisitivo dos trabalhadores está menor e, em consequência, o sonho da casa própria está sendo adiado”, afirmou o presidente do Crecisp, José Augusto Viana Neto.
Metade dos imóveis adquiridos não ultrapassou o valor de R$ 300 mil. À vista, as vendas somaram 11,25% e as parceladas pagas pelos proprietários, 18,75%. Não houve registro de transações feitas por consórcios.
As casas responderam por 42,86% do total vendido e os apartamentos, 57,14%. A periferia das cidades pesquisadas liderou as regiões preferidas pelos compradores (59,62%), seguida pelos bairros nobres (23,08%) e pela área central (17,31%).
Eram de 3 dormitórios com 2 vagas de garagem e área útil de 101 a 200 m², as casas mais vendidas em Campinas e região. Já os apartamentos mais procurados foram os de 2 dormitórios, com 1 vaga e área útil de até 50 m².
Casas são preferência dos inquilinos
A faixa de valor de locação que esteve presente na maioria dos novos contratos foi a de imóveis entre R$ 1.000 a R$ 1.250,00, com 31,91% dos aluguéis. Na sequência, ficaram as casas e apartamentos com locação entre R$ 751,00 e R$ 1.000, respondendo por 23,40% dos contratos.
Mais de 60% dos imóveis alugados estavam localizados nos bairros periféricos das cidades pesquisadas pelo Crecisp; 19,80% nas regiões nobres; e 18,81% nas áreas centrais.
As casas mais alugadas em março, segundo o estudo feito pelo Conselho regional, foram as de 2 dormitórios, com 1 e 2 vagas de garagem e área útil média de 51 a 100 m². Na região de Campinas, os apartamentos alugados foram os de 2 dormitórios, com 1 vaga de garagem, e área útil de, em média, de 51 a 100 m².
A pesquisa CreciSP foi feita nas cidades de: Americana, Amparo, Artur Nogueira, Campinas, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itapira, Itatiba, Jaguariúna, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Morungaba, Nova Odessa, Paulínia, Santa Bárbara D’Oeste, São João da Boa Vista, Serra Negra, Sumaré, Valinhos, Vinhedo.
Bom negócio
Para quem tem dinheiro guardado, especialistas indicam que o momento é favorável à compra de imóveis. Se acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), trata-se de um investimento seguro, com boa rentabilidade por meio do aluguel e também boa rentabilidade a longo prazo.
Enquanto o IPCA acumula alta de 11,30% nos últimos 12 meses, o Índice Geral do Mercado Imobiliário (IGMI-R/ABECIP) aponta para uma valorização de 17,43% nos preços dos imóveis nos últimos 12 meses. Ou seja, o retorno financeiro para quem investe em imóveis supera em mais de 6% a inflação do país, aponta a Abrainc.
Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os ganhos são ainda maiores, uma vez que os imóveis valorizam 20,74% na capital paulista, e 19,97% na capital fluminense, ainda de acordo com o IGMI-R dos últimos 12 meses.