Uma parceria entre a BrasilReverso e o Aeroporto de Viracopos propiciou a instalação de quatro pontos de coleta de lixo eletrônico no aeroporto para o recebimento dos resíduos eletroeletrônicos sem uso, quebrados ou obsoletos, como computadores, celulares, tablets, impressoras, máquinas fotográficas, eletroportáteis, teclados, mouses, cabos entre outros.
No Brasil, esse tipo de material sem mais utilidade ao consumidor soma 2,1 milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano. Esses números que colocam o País como o 5º maior produtor desse tipo de resíduo do mundo e encabeçando o ranking na América Latina. Porém, por aqui apenas 1% a 3% são destinados corretamente, abaixo do índice médio das Américas, que gira em torno de 9%.
Outubro marca o debate global sobre esse tipo de resíduo sólido, considerado um dos mais complexos. O objetivo é ampliar a conscientização sobre os riscos e buscar soluções para as 53,6 milhões de toneladas de resíduos tecnológicos produzidos no mundo anualmente.
Esse material tem alto poder contaminante para a natureza e para a saúde humana. Mas tem também grande potencial econômico e social.
“A BrasilReverso tem uma política crescente de educação e conscientização de empresas e sociedade sobre tudo o que envolve os resíduos eletroeletrônicos como o meio ambiente, a saúde humana, a economia circular. Por isso, buscamos o Aeroporto de Viracopos para mostrar a relevância dessa questão e a compreensão foi imediata. Junto com Viracopos, vamos fazer uma grande ação para atingir os milhares de usuários e também a comunidade aeroportuária”, explica Camila Mattana, engenheira Ambiental da BrasilReverso.
O setor de eletroeletrônicos não era visto tradicionalmente como uma indústria poluidora. Porém, o avanço tecnológico e de mercado encurtou o ciclo de vida dos equipamentos, criando uma demanda sem precedente de um tipo de lixo novo para a sociedade, mas que tem no seu descarte não especializado, como em aterros sanitários, consequências ambientais graves. Para Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, “com volumes crescentes de produção e descarte, o mundo enfrenta (…) um crescente tsunami de lixo eletrônico”, declarou.
De acordo com a assessoria, a liberação de substâncias tóxicas diretamente no solo e em águas superficiais e subterrâneas como chumbo, bário e outros metais pesados (presentes em TVs, monitores e câmeras quebrados) tem alto risco contaminante. Além destes, o mercúrio, cádmio e a dioxina bromada, entre outros elementos presentes nas placas de circuito impresso para fixação de chips, por exemplo, emitem gases poluentes tanto ao ar quanto nos rios.
Aspectos Econômicos
A Economia Circular representa a reintrodução do resíduo na cadeia produtiva, ou seja, ao invés de descartá-lo, ele é reutilizado dentro do processo produtivo ou transformado, por meio da reciclagem, em matéria-prima para fabricação de novos produtos.
A ausência de políticas de logística reversa nas empresas de eletroeletrônicos implica na perda dessa oportunidade econômica: são milhares de toneladas de cobre, níquel, cobalto, lítio e até ouro que poderiam retornar à indústria e promover diferentes benefícios como redução de custos do processo produtivo, cumprimento dos aspectos legais, redução da emissão de carbono, valorização Institucional das marcas e maior competitividade no crescente desenvolvimento econômico sustentável.
No Brasil, o Decreto Lei nº 10.240 estabeleceu metas de coleta e processamento dos eletroeletrônicos, que chegam a 17% do volume comercializado por fabricantes e importadores ao ano. Isso representa mais de 450 mil toneladas de equipamentos eletrônicos que deverão ser coletados e reciclados anualmente.