Em meados de maio apresentamos para vocês o projeto ‘Vista da Quarentena’ criado pela artista plástica Letícia Volpi. Quem tiver interesse pode ler a matéria por aqui. Também fizemos um convite para que os leitores do Hora Campinas enviassem fotos do que viam de suas janelas.
Foram tantas partilhas bonitas. A Letícia escolheu três imagens para mostrar sua arte. Além disso ela preparou um vídeo lindo mostrando o processo de um dos trabalhos que ela fez.
Confesso que eu e a Jô Basso, editora do portal, nos emocionávamos com cada resultado que ela apresentava. Hoje vamos partilhar com vocês as duas últimas fotos escolhidas para finalizar o ciclo desse projeto tão bonito por aqui, e que segue nas redes sociais da @levolpi, pois é uma projeto fixo dela.
As fotos que ela escolheu são da Majori Nascimento da Silva, que mora em Campinas e da Gisele Moreira que mora no interior da França.
Também vamos compartilhar o restante das fotos que recebemos nesse período. Quem quiser conhecer as outras fotos e a primeira imagem escolhida pode conferir aqui.
Letícia contou que se encantou com as imagens recebidas pelos leitores e confessou que teve dificuldades para escolher: “O processo de escolher as fotos para criar a releitura foi um pouco difícil, porque tive vontade de selecionar todas. Mas foi uma delícia olhar para as fotos, observar os detalhes e imaginar as histórias que passam por ali”.
A artista conta que enquanto produz suas artes se transporta mentalmente para aquele cenário que está pintando. “É a minha forma favorita de ‘viajar’ durante esse momento de restrições causadas pela pandemia”, diz.
As técnicas que a artista usa para criar as artes e os materiais utilizados mudaram durante esse um ano do projeto Vista da Quarentena. “Ano passado, no início do projeto, eu representava a vista das pessoas me inspirando na foto delas, mas criando uma imagem totalmente nova, com formas e desenhos imaginados 100% por mim. Nesta fase atual, faço as artes usando a fotografia tirada pelas próprias pessoas como base das minhas criações, e a partir delas eu acrescento novas cores, texturas, camadas e pinceladas. Essa foi uma forma que encontrei de me sentir mais próxima das pessoas, de construir novas conexões e de criar um trabalho em conjunto, unindo olhares e entrelaçando histórias”, conta.
Para essas novas artes ela detalha que usou técnicas que gosta muito, que são a Cianotipia, pintura e colagem. A Cianotipia é um método muito antigo (criado em 1842) para imprimir imagens artesanalmente usando a luz do sol. “Eu gosto muito de usar essa técnica por diversos motivos. Um deles é por poder resgatar a manualidade e o processo de criação mais lento neste período tão digital em que vivemos. Ver a imagem se revelando devagar é muito bonito, me traz uma sensação de paz e me lembra o quanto é importante curtir o processo em vez de só me focar no resultado”, diz.
Ela destaca que o projeto Vista da Quarentena, que surgiu logo no início da pandemia, foi um marco na sua trajetória como artista. “Com ele tive grande visibilidade do meu trabalho e a oportunidade apresentar a arte como uma nova forma de ver a vida. E esse projeto só se realizou pois tive a contribuição de diversas pessoas, foi uma construção coletiva”, destaca a artista que segue encantando e se encantando com outras vistas.
Kátia Camargo é jornalista e depois que conheceu o projeto Vista da Quarentena passou a observar mais a vida que acontece a partir da sua janela. Este texto foi embalado pela música Paisagem da Janela, de Milton Nascimento e Lô Borges. Se quiser conferir: www.youtube.com/watch?v=WkLpoUiasZ8.