Profissionais da saúde que participaram de testes para o desenvolvimento da vacina da Coronavc conduzidos pelo Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas, correm o risco de ficarem sem a terceira dose do imunizante.
Mesmo oito meses depois de os voluntários terem sido informados se haviam recebido placebo ou vacina, as doses aplicadas em 2020 ainda não foram registradas formalmente nos sistemas do Ministério da Saúde.
Com isso, eles não conseguem comprovar que já receberam as duas doses e, desta forma, não podem ser habilitados a receber a dose de reforço.
O governo do estado promete iniciar esta semana a aplicação da dose de reforço para os profissionais de saúde – que tomaram a segunda dose de vacina contra a covid-19 há pelo menos seis meses.
No HC da Unicamp – um dos parceiros do Instituto Butantan no desenvolvimento da Coronavac – foram cerca de 500 voluntários, que podem ter problemas para receber a terceira dose.
Os voluntários reclamam que tiveram de assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em que constavam os possíveis riscos decorrentes da participação no estudo, mas em nenhum momento essa situação foi considerada entre os eventuais riscos.
Dizem ainda que o HC não informou sobre as razões da ausência de registro nos sistemas do Plano Nacional de Imunização (PNI) e sequer definiu um prazo para uma resposta.
A secretaria estadual de Saúde informou que o processo de desenvolvimento da vacina é de responsabilidade do Instituto Butantan.
O Instituto, por vez, afirma que é responsável apenas pelo pedido de abertura de cadastro dessas pessoas junto ao Ministério da Saúde, mas cabe ao Hospital das Clínicas da Unicamp fazer a atualização dos cadastros.
Em nota emitida nesta terça-feira (5) , o HC da Unicamp da informou que está dependendo de ajustes de colocação de dados no Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), que vinha sendo tratado com Anvisa, Conep, Ministério da Saúde e Instituto Butantan. O hospital diz que “ainda aguarda instruções do patrocinador do estudo”, no caso, o Instituto Butantan.
O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que a integração para registro das vacinas Covid-19 aplicadas em voluntários está disponível desde o dia 1 de outubro. Para comprovação da situação vacinal, as doses aplicadas durante a realização de estudos clínicos devem ser inseridas na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) pelos laboratórios.
A expectativa é que os dados estejam disponíveis até o dia 15 de outubro.
A secretaria municipal de saúde, por sua vez, informou que enquanto os dados não forem inseridos no Sistema Estadual Vacivida – o sistema estadual on-line, que faz o registro nominal na aplicação das doses da vacina contra a Covid-19 – não poderá autorizar a aplicação.
Para a secretaria municipal, o problema precisa ser resolvido entre o instituto de pesquisa e os órgãos governamentais.
Jansen
Na semana passada, o Hospital PUC-Campinas comunicou aos voluntários dos testes com a vacina contra a Covid-19 da Janssen que todos receberão o reforço a partir de novembro, mês em que o estudo completa um ano na cidade.
Mesmo os voluntários que tomaram placebo, e que a partir de fevereiro foram imunizados com a dose da vacina, serão chamados para receber a segunda dose. No Brasil, apenas a Janssen é aplicada em dose única.
Em Campinas e região foram recrutados 417 voluntários para participar das pesquisas. Em todo o Brasil são cerca de sete mil. O comunicado também reforça que os voluntários deverão aguardar pelo reforço da Janssen e não tomar a dose de reforço a que teriam direito os maiores de 60 anos, imunossuprimidos e profissionais da saúde.