Já passou da hora de sairmos de nossa “bolha” e percebermos, à luz da reflexão ética, de que vivemos em sociedade e, partindo desse pressuposto, olhar com bons olhos o outro e suas atitudes, motivações, história de vida, interesses.
Para a reflexão que vamos explorar juntos hoje, trago-lhe o conceito de Entendimento, ou se preferir, uma reflexão acerca da palavra Entender. Peço encarecidamente que já que começou tal leitura, me acompanhe até o final dela, ela não vai levar mais do que dois minutos. O que vai lhe custar horas, ou até mesmo dias talvez, seja o impacto que ela poderá lhe causar, a partir da provocação de uma nova perspectiva de enxergar a realidade por outros ângulos. Venha comigo para juntos progredirmos nessa reflexão que me parece rica, atual e pertinente.
A origem da palavra entender, vem do latim: intendere, que dentre alguns significados, podemos ficar com tal definição: a de “estender”, ou a de “ir à tenda do outro!”. Intendere, ou entender, seria portanto o ato de estender os seus conhecimentos, adentrando na tenda do outro, com tudo o que ele possui, viveu e é hoje.
A ação metafórica de “estender” e “ir à tenda do outro” faz com que o indivíduo saia de sua “zona de conforto” e perceba o próximo partindo do ponto de vista dele. Você conhece alguém que se apressa em apontar o dedo acusando e julgando outras pessoas? E você, se reconhece nessa situação? De enxergar do outro lado da rua um fato, uma situação envolvendo alguém e, a partir disso; criar seu julgamento precipitado (o que na filosofia chamamos de Juízo de Valor)?
Faço questão de lembrar a você que sim, eu me reconheço como um leitor deste texto, me reconheço sim tendo tais atitudes, mas creio que o mais interessante seja a tomada de consciência, de saber-se imperfeito e em constante construção, tal como queria o filósofo francês Jean-Paul Sartre, afinal: “Quem não tem pecado, que atire a primeira pedra!”
O simples fato de você notar e perceber que existe vida por detrás ‘do outro lado da rua’ torna-o empático e sensível e adentrar na “tenda do outro”. É colocar em prática, de fato, o exercício do entendimento. Permita-se tentar, apenas tentar ouvir a versão do outro, a partir de suas experiências de vida, alegrias, tristezas, registros de gatilhos emocionais e experiências vivenciadas.
Estamos na metade do ano, de mais um ano, um tanto quanto turbulento é verdade, com idas e vindas da Covid, com guerras…
Gostaria de lhe deixar com duas reflexões: a primeira é a respeito de uma régua temporal que lhe permita medir quem era você em Janeiro e quem é você hoje? O que mudou de lá pra cá? O que carrega consigo? O que deixou pelo caminho que não valia a pena mais carregar, tal como excesso de bagagens nessa viajem da vida? A segunda reflexão diz respeito a primeira: a partir do conceito que juntos exploramos sobre entender o outro, de ir à tenda do outro, enxergar o mundo com os óculos e as lentes dele, gostaria que você fosse em sua tenda de Janeiro e fosse para a tenda de Dezembro, uma tenta ainda imaginária, mas que pode ser sim um guia para suas atitudes e planejamentos até lá!
O que espera Ser neste final de ano? Perceba que meu foco é no Ser e não no Ter!
Repito: O que você espera Ser neste final de ano, olhando e visitando sua tenda deste início de ano até os dias de hoje, a partir de suas experiências, ações e reações, a partir de seus planejamentos e frustrações?
Um grande abraço e obrigado por chegar até aqui comigo.
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)