O planejamento financeiro deve estar na rotina de uma família, deixando de lado o pensamento individual e adotando maneiras conjuntas de aproveitar a renda familiar da melhor maneira possível. A colaboração de todos é fundamental para a construção de uma reserva financeira. Na mesma casa, todos precisam estar unidos e ter metas em comum. É difícil para uma pessoa sozinha guardar dinheiro se não puder compartilhar sonhos e objetivos com quem divide os boletos.
A cultura de poupar deve ser incentivada desde cedo, com transparência nas receitas e gastos. Uma vida financeira saudável requer planejamento e compreensão de qual é a renda total familiar para determinar o montante a ser gasto e vislumbrar o que acontecerá nos próximos meses.
Estudo recente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) sobre orçamento familiar, em 2020, aponta que três em cada dez entrevistados admitiram esconder compras do parceiro. A justificativa utilizada por 45% dos entrevistados foi de evitar brigas ou conflitos.
Outra pesquisa, a Fidelidade Financeira 2022, realizada pela Onze, fintech de saúde financeira, identificou que 27% dos parceiros consideram o modelo de divisão de contas em casa apenas parcialmente justo, injusto ou completamente injusto. Portanto, conversar sobre o planejamento financeiro, apesar de não ser prazeroso, é fundamental para a estrutura familiar.
Se a diferença de renda é muito grande, é possível pensar numa divisão proporcional dos gastos e dos recursos poupados. Sabemos que, no cenário econômico atual com inflação alta, com o poder aquisitivo da população sob pressão, manter o planejamento em dia pode ser ainda mais difícil. Ainda assim, é possível encontrar soluções e evitar problemas financeiros futuros.
Um passo inicial seria definir objetivos e sonhos de curto, médio e longo prazo como motivadores para controlar gastos e manter as finanças em dia, traçando uma estratégia financeira para alcançá-los. Ter uma visão geral das finanças, avaliando se as receitas superam as despesas, se os gastos estão em um limite aceitável e, ainda, o que é preciso fazer para concretizar as metas.
Uma forma de planejar despesas é usando a regra 50-15-35. Ou seja: 50% da renda líquida familiar deve ser destinada aos gastos essenciais, como aluguel, condomínio, contas de consumo etc. Outros 15% são para prioridades financeiras, como pagamento de dívidas (caso existam) ou investimentos. O que sobrar – 35% – vai para despesas relacionadas ao estilo de vida, como academia, comprinhas, viagens e afins.
Além disso, ter uma reserva de emergência é essencial para não recorrer a empréstimos para lidar com despesas não previstas, como perda de emprego, doença ou um carro quebrado. O ideal é que esse fundo corresponda à, pelo menos, três meses de despesas. Pensem sobre a possibilidade de colocar essa quantia em um investimento que ofereça liquidez, já que poderão ter que sacar o montante a qualquer momento. Há alternativas simples para reservar uma parte da renda, como uma previdência privada ou com uma aplicação.
Caso o caminho seja buscar uma linha de crédito, o fundamental é deixar a parcela adaptada à renda mensal familiar, para não se gastar mais do que se ganha, fazendo a soma detalhada dos gastos reais e avaliando se o total está dentro do disponível fixo.
Então, comecem agora a trabalhar unidos para realizar projetos em comum e construir um futuro tranquilo.
Walmando Fernandes, administrador de empresas e MBA em gestão empresarial, é Head da Porto na região de Campinas