Já pensou em escrever e trocar cartas com um desconhecido? Um projeto pioneiro realizado entre os pacientes do Hospital Sobrapar Crânio e Face e alunos da Escola Americana de Campinas (EAC) tem resgatado esse hábito, que andava meio abandonado e até esquecido.
A experiência tem incentivado a escrita à mão e criado muita conexão entre esses jovens que não se conhecem pessoalmente, mas se aproximaram por meio da escrita. Aliás, em um mundo onde a tecnologia pede e proporciona respostas imediatas, escrever e receber cartas pode ser algo bem diferente e até desafiador.
A ideia nasceu e ganhou vida dentro do departamento de Psicologia do Hospital Sobrapar e ocorreu após a visita de uma jovem aluna da Escola Americana, interessada em cursar Psicologia. Essa jovem queria fazer um projeto com os pacientes e a partir desse contato com a instituição surgiu a ideia de criar o Projeto Cartas.
“Escolhemos como ferramenta a escrita à mão, que traz uma oportunidade de mergulho no mundo das palavras, além de um encontro com o outro”, destaca a psicóloga Rosa Palladino.
O Projeto Cartas tem como objetivo de desenvolver habilidades sociais e despertar o interesse na escrita e leitura. “Essas habilidades acabaram sendo muito prejudicadas com a pandemia e já sofriam com o uso excessivo das redes sociais”, conta a psicóloga Érica Yassuhara.
Já a psicopedagoga Raquel Urvaneja conta que, para cada paciente que explicava sobre a participação do Projeto Cartas, surgiam as mais diversas expressões, como alegria, surpresa e até medo de aceitar a proposta, uma vez que muitos nunca tinham tido a experiência de escrever uma carta.
“Essa prática enriqueceu o cotidiano deles e sempre que chegavam para os atendimentos já queriam saber se iriam escrever novamente outra carta”, afirma.
Érika, uma das psicólogas responsáveis pelo projeto, conta que, durante a troca de cartas, pôde observar a curiosidade dos pacientes, assim como o engajamento deles para respondê-las. E segundo Rosa, “as cartas produziram uma ressonância forte e muito equilibrada. Até a linguagem de um para o outro foi muito parecida.
Os temas discutidos eram comuns da fase que estão vivendo. Foi uma troca muito bonita e potente”, ressaltou Erika sobre os primeiros resultados.
Kátia Camargo é jornalista e faz tempo que não escreve ou recebe uma carta. Nesse texto lembrou de uma música do cantor Marcelo Jeneci chamada “Show de Estrelas” que ressalta que, no mundo, somos 7 bilhões de faróis a brilhar e percebe que essas escritas ajudam a conectar a humanidade. Confira a música: