Pelo menos 17 adultos ficaram feridos no bombardeio desta quarta-feira (9) a uma maternidade e hospital infantil em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, pelas forças russas. Não há registo de crianças entre as vítimas. “Há 17 feridos confirmados entre os funcionários do hospital”, revelou Pavlo Kirilenko, fonte oficial regional, citado pela agência France Presse (AFP).
A mesma fonte tinha divulgado na sua página na rede social Facebook, minutos antes, que “instantaneamente tudo ficou destruído” após o ataque russo.
Também o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou o ataque aéreo russo contra as instalações em Mariupol e apelou novamente ao fechamento do espaço aéreo ucraniano.
“Ataque direto das tropas russas à maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. Atrocidade! Quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já”, escreveu Zelensky no Twitter.
No vídeo divulgado pela presidência ucraniana, vê-se o interior dos edifícios destruídos, com destroços, folhas de papel e pedaços de vidro espalhados pelo chão.
Em outro registo em vídeo, mas com imagens de fora dos edifícios, divulgado pela polícia nacional, aparecem vários carros carbonizados e uma cratera.
Cerca de 1,3 mil habitantes desta cidade ucraniana já morreram em bombardeios e ataques das forças russas desde o início da invasão, revelou o vice-presidente da Câmara, Piotr Andriushchenko.
“Durante o período de bloqueio e genocídio da Federação Russa, já morreram 1.300 habitantes da cidade. Lutaremos por cada um deles”, assegurou na sua página no Facebook, divulgando dados preliminares.
Piotr Andriushchenko alertou que as forças russas “começaram a usar ativamente o bombardeio aéreo” e que “deixaram de esconder o seu objetivo de destruir totalmente a cidade.
Cerca de 300 mil civis estão ‘presos’ há vários dias devido aos combates no porto estratégico de Mariupol, no mar de Azov, ficando privados de água, alimentos, eletricidade e ajuda humanitária.
Apesar de tudo, a Ucrânia abriu seis corredores humanitários para a retirada de civis, depois de ter conseguido um cessar-fogo com o Governo russo nessas zonas, incluindo a de Mariupol e Zaporizhzhia.
O ataque aéreo ao hospital pediátrico levou também a uma reação rápida por parte da comunidade internacional, com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson a denunciar um ataque “imoral”, e a ONU a lembrar que nenhuma unidade de saúde “deve ser um alvo”.
O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, acrescentou que quer esta organização, quer a OMS, pediram e continuam a pedir “o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde e ambulâncias”.
Também a Casa Branca reagiu contra o uso “bárbaro” de força contra “civis inocentes num país soberano”, referiu a porta-voz da administração do Presidente norte-americano, Jen Psaki.
Na Ucrânia, Liudmyla Denisova, responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano, denunciou através do Telegram “um exemplo de crime contra a humanidade e genocídio contra o povo ucraniano”.
Já o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, lamentou a “barbárie” do Exército russo, e voltou a implorar ao Ocidente a entrega “agora” de aviões, pedido que tem sido repetido nos últimos dias por Kiev para enfrentar a crise.
A Câmara Municipal de Mariupol, cidade sitiada pelas tropas russas há vários dias, comunicou através das redes sociais que os danos foram “colossais”.
Pelo menos 19 ataques foram realizados contra unidades de saúde, pessoal médico e ambulâncias, causando a morte a pelo menos dez pessoas, desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).