O Projeto de Lei (PL) que propõe que o teatro de arena do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes passe a se chamar Teatro de Arena Teresa Aguiar terá turno único de discussão e votação agendado para a sessão desta segunda-feira (30), a partir das 18h, na Câmara Municipal de Campinas. O PL, de autoria dos vereadores Guida Calixto (PT) e Gustavo Petta (PCdoB), tem mobilizado a classe artística de Campinas, que aponta a relevância daquela que é considerada a “Dama do Teatro Campineiro”.
Paulistana, Teresa Aguiar morreu em abril do ano passado aos 88 anos de idade e deixou um legado importante para a arte do País.
Diretora, com mais de 70 anos de experiência em teatro, televisão e cinema, Teresa Aguiar possui uma obra vasta. Professora da Cadeira de Interpretação da Escola de Comunicação e Arte da USP, dirigiu mais de 80 espetáculos teatrais, além de documentários e filmes. Entre as montagens sob sua direção está “Hipólito”, tragédia grega que inaugurou o teatro de arena do Centro de Convivência.
Integrante do movimento Teatro do Estudante em Campinas nos anos de 1950, foi fundadora do Grupo de Teatro Rotunda e do Grupo Teatro Arte e Ofício (TAO). Também integrou a Academia Campineira de Letras e Artes e ganhou prêmios nacionais e internacionais. Da presidência da República recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Cultural do Brasil. Lançou ainda atores de renome nacional como Ney Latorraca, Regina Duarte, Laura Cardoso, Arlette Salles, Gracindo Jr, José de Abreu e outros.
Em Campinas, Teresa Aguiar foi homenageada com o título de Cidadã Campineira e recebeu também a Medalha Carlos Gomes em reconhecimento ao seu trabalho.
“Aprendi muito com ela”, diz a atriz de Campinas Neusa Doretto, que foi aluna de Teresa Aguiar. “A ousadia e o destemor foram suas marcas”, opina. Neusa embasa seu comentário ao observar Tereza durante um trabalho de documentação no Litoral Norte paulista. “Era 1976 e eu estava junto”, relembra. “Ela escalava aqueles morros com coragem e determinação para mostrar a situação precária dos caiçaras. Hoje, aquelas praias estão todas urbanizadas.”
No livro “Teresa Aguiar e o Grupo Rotunda – Quatro Décadas em Cena”, da autora Ariane Porto, há uma declaração da artista que revela qual foi sua missão. “Eu poderia ter ido embora de Campinas para me dedicar apenas a minha carreira de ‘diretora’ em São Paulo, ‘fazer carreira’. E eu poderia ter sido uma ‘diretora muito famosa’ porque do meu ramo eu entendo. Mas eu acredito muito mais no resultado e na alteração que você pode fazer na comunidade através do teatro”.
No final de agosto, a classe artística da cidade se reuniu no plenário da Câmara para um debate público sobre o Projeto de Lei. Na ocasião, foi exibido o documentário “Teresa Aguiar Sempre em Cena”. O objetivo foi expor a singularidade da obra e a relevância da artista.
“Procurei homenagear a Teresa ainda em vida”, diz a autora do documentário com duração de 30 minutos, Ariane Porto, lembrando que o trabalho foi lançado em 2020, dois anos antes da morte da artista.
“Juntei vários momentos da vida dela, sempre buscando evidenciar a sua relação com a arte, especialmente com o teatro. Mas esse é um primeiro episódio. Concebi como uma mini série, pois não dá para resumir a vida dessa personagem em apenas 30 minutos”, afirmou, indicando que a obra deve ter sequência.