O dicionário aponta que protagonista é o personagem principal de uma narrativa. Mas o que é o tão falado protagonismo juvenil? Segundo Antonio Carlos Gomes da Costa (1940/2011), protagonismo juvenil é a “modalidade de ação, criação de espaços e condições capazes de possibilitar aos jovens se envolverem em atividades direcionadas à solução de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa, liberdade e compromisso. O cerne do protagonismo é a participação ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais ampla”, dizia o pedagogo.
Essa potente descrição é a base da Academia Educar, da Fundação Educar, que está com inscrições abertas para jovens de 15 a 18 anos, estudantes de escola pública que queiram participar da edição de 2022, que volta a ser presencial. O projeto é gratuito e vai oferecer formação em protagonismo, competência socioemocionais, cidadania ativa e produção audiovisual para os jovens.
Quem são eles?
Basta alguns minutos de conversa com jovens que passaram pela Academia Educar, em Campinas, para que eles expliquem, na prática, com muito brilho no olhar, esse tão falado e desejado protagonismo juvenil.
“Na Academia Educar aprendi a me posicionar, a dividir tarefas, aceitar a diferença do outro, falar em público, ter mais responsabilidade e a enxergar que eu também posso e devo fazer alguma coisa para o mundo melhorar. E, principalmente, aprendi a não desistir diante do primeiro obstáculo”, conta Lívia Campos Silva, que fez Academia Educar em 2018.
Ela faz questão de destacar que antes de participar da Academia Educar, nem gostava tanto de estudar. “Foi tão importante na minha vida, incentivo todos os meus amigos a participarem, pois mudou até a forma que eu enxergo a escola, meus sonhos”, diz.
Nesse período, Livia também se interessou em participar de projetos sociais “Me envolvi com voluntariado da Unicef no Brasil e hoje atuo em um projeto chamado Corrente do Bem e não pretendo parar porque acredito que podemos fazer muito pelo outro”, destaca a jovem.
Já Henrique Marques Bazoti, 19 anos, passou pela Academia Educar, em 2018, quando tinha 15 anos. “Quando o pessoal da Academia Educar foi na minha escola para convidar, eu não tinha ideia de quanto mudaria a minha vida. Fiquei encantado ao saber das oficinas, sobre coisas que sequer tinha ouvido falar, como protagonismo juvenil, liderança, cidadania. A explicação dos jovens me chamou a atenção, pois senti que era um lugar onde eu poderia partilhar o que pensava, ter voz, ser ouvido. Voltei para casa inspirado e querendo muito entrar, pois toda aquela conversa tinha feito muito sentido para mim. Lembro que eu fiquei muito feliz ao saber que havia sido selecionado”, conta.
Ele relata que quando começaram as oficinas, percebeu que o que estava aprendendo era algo que desejava para a vida. “O ensino da Academia Educar traz uma troca de conhecimento tão bonita, pois percebi que as pessoas falavam a minha língua. Uma das coisas importantes foi trabalhar o autoconhecimento. Estava sempre me desenvolvendo e colocando em prática o que aprendia. A Academia Educar me ensinou a me relacionar com o outro, trabalhar em grupo. Acredito que são coisas que deveriam estar presentes dentro de todas as escolas. Até passar por lá eu desconhecia”, destaca.
Henrique completa: “Aprendi que se eu quero mudar o mundo, preciso começar primeiro internamente, depois expandir para a família, os amigos, a cidade, o país e quem sabe o mundo. Descobrir que eu tinha essa capacidade faz toda a diferença na minha vida. Não é à toa que o lema da Academia Educar é: ‘Os incomodados que mudem o mundo’”, destaca
Henrique percebeu também que todo conhecimento aprendido na Academia Educar o ajudou na vida profissional. “Quando arrumei meu primeiro emprego percebi que eu tinha me preparado também para o mundo do trabalho. Muito do que vimos nos encontros da Academia Educar me deu base para ter uma postura no trabalho diferenciada. Eu ficava chateado de ver que outros jovens da minha idade não tiveram essa mesma oportunidade de crescer e aprender”, conta.
Como participar da Academia Educar?
Os interessados em participar da Academia Educar 2022 devem se inscrever no site www.academiaeducar.com e passar por três etapas: inscrição, elaboração de redação e realização de dinâmica. Em parceria com as Diretorias de Ensino e a Secretaria Municipal de Educação de Campinas, a Academia atuará ao longo do ano letivo, no contraturno escolar, oferecendo vale-transporte, alimentação no local, camiseta e certificado.
“A riqueza da construção dessa Jornada está na garantia de um olhar atualizado, horizontal e significativo, numa construção de jovem para jovem. Nossas oficinas promovem diálogo aberto e a interação entre jovens sobre os mais diversos temas”, reforça Cristiane Stefanelli, coordenadora de projetos da Fundação Educar.
“A essência daquilo que acreditamos está na percepção do quanto a educação pode e deve transformar tudo: ela é a base, isso nunca vai mudar. Essa sempre vai ser a nossa grande causa porque além de formar cada indivíduo, a educação nos ajuda a conviver, exercer a cidadania, ser capazes de transformar a nossa vida, nossa comunidade, nosso país”, destaca Cristiane.
Sobre a Fundação Educar
A Fundação Educar é o investimento social da Companhia DPaschoal e atua com educação para a cidadania como estratégia de transformação social. Seus projetos – divididos nos eixos “Educar Para o Protagonismo”, “Educar Para Ler”, “Educar Para Empreender”, “Cooperar com o Social” e “SER Educar” – visam garantir que as pessoas se reconheçam como protagonistas de suas vidas e de suas comunidades, desenvolvam habilidades e sejam verdadeiras agentes de mudança para um futuro melhor.
Kátia Camargo é jornalista e cada vez que conversa com um jovem que passou pela Academia Educar se enche de esperança de que o mundo pode ser melhor. Quem deseja saber mais sobre a experiência de outros jovens que já passaram pela Academia Educar, a dica é baixar gratuitamente o livro Que Nem Pipoca -histórias que transformam histórias, escrito pela jornalista Edilaine Garcia. O link de acesso é o www.leiacomigo.org.br/books/bbjh/#p=