Com os hábitos de vida atuais, os desvios posturais e dores musculares são muito comuns, especialmente durante a pandemia do novo coronavírus, onde tudo isso se agravou. Esses problemas podem levar ao uso incorreto das outras articulações corporais, já que o corpo busca compensações para manter o equilíbrio da pessoa, podendo, também, causar enrijecimento e encurtamento dos músculos.
Buscar manter a postura correta e a prática de exercícios físicos podem evitar ou reduzir esses desvios e dores musculares, sendo que, quanto mais precoce o tratamento, maior a chance de correção. Às vezes tais desvios são leves e podem ser corrigidos com medidas simples. Entretanto, em alguns casos, é necessário um tratamento intensivo e uso de terapias.
Uma técnica pioneira no Brasil que promete aliviar essas crises de dores com eficiência e sem o uso de remédios ou necessidade de cirurgia é o método de Integração Postural por Terapia Manual (IPTM), criado e desenvolvido pelo fisioterapeuta Humberto Akira Takahashi, formado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
“Queria uma técnica que fosse mais eficaz e mais rápida do que as tradicionais. Com a técnica IPTM, trato com as mãos as dores musculoesqueléticas e desvios posturais tudo ao mesmo tempo”, explica Takahashi.
Para o especialista, as dores musculoesqueléticas, que podem ser tratadas com a técnica IPTM, podem ter origem na mão, cotovelo, ombro, Articulação Temporomandibular (ATM), na coluna, quadril, púbis, joelhos, pés e também é muito eficaz no tratamento de fibromialgia e cefaleia. Já os desvios posturais a serem tratados com o método IPTM, não somente devido às dores que surgem a partir de seus desvios, mas de maneira preventiva das consequências estéticas provenientes dos desvios posturais, podem vir de retificação e hiperextensão cervical, retificação e hipercifose torácica, escoliose, retificação e hiperlordose lombar, joelhos valgos ou varos, pés cavos, pé plano (chato), retropés varo e valgo.
Com o auxílio do professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Doutor Antonio Fasolo Quevedo, na área de engenharia biomédica como orientador, a técnica IPTM foi validada cientificamente como tema de dissertação de mestrado na Unicamp em fevereiro de 2016 e por meio de artigo científico internacional na revista científica “The Foot” em junho de 2021 como Postural Integration Manual Therapy (PIMT). Houve um trâmite de aperfeiçoamento técnico de 20 anos para ser validado.
Para validação científica e ser considerado uma técnica inédita, o terapeuta tem duas opções: otimizar o conceito pré-existente ou criar um novo conceito, no caso do artigo científico da revista The Foot, foi publicado a criação da regra biomecânica convexo-convexo para tratamento de desvios posturais.
Regra biomecânica convexo-convexo
Segundo Takahashi, todo desvio postural tem um padrão com um lado convexo acentuado que seria anulado ou minimizado com auxílio da mão do terapeuta e, do lado oposto, um artefato de forma abaulada, com apoio retilíneo, sendo essa parte o lado convexo, que fica diretamente em contato com a parte do desvio postural, por isso é chamado regra convexo-convexo. Com o auxílio das mãos, o terapeuta fará o realinhamento desta região com resultados efetivos em apenas algumas sessões.
Esta regra foi comprovada cientificamente no tratamento do desvio do retropé valgo, que seria um tornozelo voltado “para dentro” ou pisada pronada.
O realinhamento deste desvio, gera a diminuição na sobrecarga exercida sobre os pés, prevenindo assim, possíveis dores, que podem se difundir por diferentes regiões do corpo.
Através de estudo prévio da anatomia local, Takahashi consegue aplicar a técnica IPTM, corrigindo ou minimizando esses desvios, utilizando a regra biomecânica convexo-convexo criada por ele, atuando de maneira localizada, diferente das técnicas mais populares no país, como o RPG ou o pilates, que trabalham o corpo e o problema como um todo, sem concentrar esforços em uma determinada área.
Pesquisa com voluntários confirma eficácia
Para comprovar a sua teoria sobre a correção de desvios através da regra biomecânica convexo-convexo, o fisioterapeuta colocou a técnica desenvolvida em teste durante quatro semanas, utilizando 60 voluntários de ambos os sexos, com idade entre 18 e 25 anos, foi realizado no quartel militar, apresentavam desvio na região do tornozelo voltado para dentro em um dos pés. Durante quatro semanas, metade do grupo foi submetida a sessões de Reeducação Postural Global (RPG) e a outra metade, à de IPTM.
Após análise dos resultados iniciais, os dois grupos apresentaram resultados semelhantes no que diz respeito à correção do desvio. Para obtenção do resultado final, houve a interrupção dos dois tratamentos por mais quatro semanas e, durante a reanálise foi constatado que a manutenção dos resultados obtidos nos voluntários que se submeteram ao tratamento com IPTM foi mais eficaz em relação aos voluntários que foram submetidos ao RPG.
Como base para o experimento, foi utilizado um equipamento chamado baropodômetro, um tipo de balança que divide o corpo em duas partes, esquerda e direita, que identifica as pressões exercidas sob o retropé em posição de equilíbrio estático ou “corpo parado”, oferecendo os parâmetros utilizados para aplicação do trabalho científico do fisioterapeuta.
Associação com outras técnicas de fisioterapia para melhora do rendimento
O corpo humano é formado por músculo e articulações que fazem parte de engrenagens que se encaixam e cada peça deverá estar no seu devido lugar, pois as engrenagens encaixadas resultarão em movimento livre e sem dor. Na biomecânica do corpo humano, se tivermos micro-movimentos ajustados teremos macro-movimentos de qualidade.
Segundo o fisioterapeuta, se relacionarmos com a reabilitação física, e caso o paciente seja um atleta, e não esteja com as articulações e a musculaturas devidamente ajustadas, não adianta o terapeuta passar exercícios ativos, como, por exemplo, um treinamento funcional, pois existirá uma grande probabilidade de ter uma recidiva da lesão no próprio local ou em outro local devido a compensação biomecânica que a lesão antiga causou. Aí vem a importância e o objetivo da técnica IPTM.
“Ela vai promover estes ajustes com qualidade em pouco tempo para o paciente, para que este paciente consiga produzir o máximo de sua plenitude de seus movimentos ativos, livres e sem dor”, diz o terapeuta.
Mas para que haja uma reabilitação física total, há necessidade do paciente realizar atividades físicas complementares, não somente como forma de tratamento mas como forma de prevenção, oferecendo após a aplicação da técnica IPTM, como pilates, fisioterapia funcional, musculação terapêutica e exercícios cardiovasculares podem ser estas atividades complementares.
Essas técnicas podem ser aplicadas com segurança em indivíduos de diferentes condições físicas, atuando com o objetivo de reduzir sintomas de condições crônicas, como artrose, artrite, diabetes e osteoporose e como prevenção, com objetivo de manter a qualidade de vida.
“Primeiramente o indivíduo é avaliado e a prescrição terapêutica de exercícios é realizada de acordo com suas necessidades em um tratamento dinâmico, com possibilidade de aplicação de diferentes técnicas em um mesmo local ou problema com essas técnicas. O objetivo é criar um programa terapêutico com exercícios de maneira efetiva e correta, prevenindo lesões, consequentemente garantindo um corpo mais equilibrado e com melhor funcionamento resgatando suas funções básicas e promovendo um corpo livre de lesões e dores, garantindo um melhor alinhamento e correção postural”, afirma Takahashi.
Atividades físicas complementares
O pilates proporciona fortalecimento muscular, correção de desvios e vícios posturais, alongamento global, atuando também na prevenção de lesões e na reabilitação de diversas disfunções ortopédicas e ainda promove relaxamento e melhora na qualidade de vida diminuindo o estresse.
A fisioterapia funcional, fortalecimento muscular, condicionamento cardiovascular, melhora do equilíbrio, coordenação motora e flexibilidade, utilizando de exercícios corretivos de forma mais dinâmica, mesclando diferentes capacidades físicas.
Já a musculação terapêutica é realizada por meio de exercícios resistidos com carga, utilizando de movimentos terapêuticos viabilizando assim a manutenção do sistema muscular, restauração do equilíbrio, redução de quedas, aumento da força muscular, fortalecimento e aumento de massa muscular indicada para pessoas com problemas com osteoporose. A fim da melhora da saúde cardiovascular, a pessoa poderá realizar exercícios aeróbicos como bicicleta, esteira e elíptico.
Sonho de ser fisioterapeuta
Nascido em Rinópolis, São Paulo, a paixão pela fisioterapia veio desde a infância na vida de Humberto Akira Takahashi, de 57 anos. Neto de japoneses, aprendeu com o pai as técnicas de massagens orientais ainda criança e, aos 12 anos, fazia massagens nos estudantes que moravam na pensão estudantil de sua mãe. Um desses estudantes comentou que ele deveria ser fisioterapeuta.
“Nunca esqueci o nome dessa profissão”, diz Takahashi. “Hoje, os meus pais não estão mais vivos, restam apenas seus ensinamentos: honra, respeito ao próximo e seja persistente naquilo que almeja, pois, a vida sem desafios não terá sentido”, recorda o profissional.
Entre as décadas de 80 e 90, existiam poucas faculdades de fisioterapia na região de Campinas: Unimep, UFSCAR e PUC-Campinas, essa última sua escolhida, onde entrou em 1988.
Na época, era concursado e trabalhava na Petrobrás, na Refinaria de Paulínia, como operador e rodava de turno, fazendo o curso de fisioterapia na PUC-Campinas. Depois de estudar um ano de curso integral na faculdade e trabalhar durante a madrugada na Petrobrás, Takahashi trancou a matrícula, pois quase não tinha tempo para dormir e não podia parar de trabalhar, pois os pais não tinham condições financeiras para bancar seu estudo.
Para se formar no curso de fisioterapia, ele foi trabalhar no Japão, naquele tempo não existia internet acessível, WhatsApp, as condições de comunicação eram bem restritas, utilizava o telefone no final de semana e cartas via correio para comunicar com a família.
“Foram mais de quatro anos duros, trabalhei muito na área de construção civil e na fabricação de peças da Toyota no Japão, o que mais me incomodava era trabalhar na neve nos tempos da construção civil, era muito frio e cada vez que pregava um prego com martelo doía muito minha mão. Na Toyota o serviço era mais tranquilo, mas trabalhava 12 a 13 horas por dia, juntei o dinheiro necessário e voltei para o Brasil”, relata Takahashi. “Levou 10 anos entre a entrada na faculdade em 1988, trâmite no Japão e a conclusão na faculdade no curso de fisioterapia na PUC-Campinas em 1998”, recorda Takahashi.
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