Inicio agradecendo a oportunidade e parabenizando o time do Hora Campinas. São profissionais sérios e comprometidos com a verdade que por certo nos proporcionarão aqui informação jornalística de qualidade. Mais ainda, irão desempenhar a missão constitucional de promover a educação, a cultura e a arte com respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Estreando nesta coluna, gostaria de compartilhar uma redação feita por minha filha. A proposta, como poderá notar, era imaginar que já estava na Universidade e, nessa condição, redigir uma carta a uma professora do ensino médio. Segue o texto:
Boa tarde professora,
Eu fui sua aluna no ensino médio e sempre admirei muito o seu ensino. Recentemente passei na faculdade e comecei a morar sozinha, mas estive tendo muita dificuldade com a organização das minhas financias, e gostaria de sugerir que a senhora abordasse, em sua disciplina, esse tema que se mostrou essencial na minha vida universitária, a educação financeira.
Entre junho de 2019 e de 2020, houve uma média de 65.8% de famílias endividadas. Estudos dizem que 24.7% dessas famílias estão com dívidas atrasadas, mas apenas uma média de 10.5% estão endividadas por falta de condições financeiras. Meu ponto é, grande parte dessas dívidas poderiam ter sido evitadas se a educação financeira fosse estudada nas escolas.
Esse tema apresenta muita preocupação para a BNCC, que começou ano passado um projeto no qual definiria como obrigatório o ensino financeiro nas escolas. A equipe júnior do CMF, por exemplo, uniu pais e educadores, através de palestras em escolas, com o propósito de promover esse tipo de conhecimento que sei, por experiência própria, e a senhora também deve saber, que é de grande importância na vida adulta.
Pesquisadores já apontaram que “para que os alunos entendam a importância desse assunto na escola, é essencial abordar uma realidade vivida pelas crianças, e suas famílias”, como colocou Hudamaria Martins. Essa educação melhoraria a forma que o dinheiro é lidado e como jovens tomam (como eu tomei) decisões financeiras, logo, o que diminuiria o número de dívidas atrasadas.
Acredito então, que com sua ajuda muitos alunos seus não tenham tanta ou alguma dificuldade financeira por conta de falta de organização ou conhecimento, assim como eu muitos brasileiros tiveram/tem.
Atenciosamente,
Ana Cecília Toledo (1º ano do ensino médio)
Deixando de lado – confesso que com bastante esforço – o orgulho paterno, penso que a mensagem é fantástica. De fato, o mundo atual oferece uma gama infindável de produtos e serviços, apresentados de maneira atraente, que aguçam o desejo de consumir. E, por outro lado, o crédito é apresentado com certa facilidade mesmo para os jovens. Com isso, a falta de planejamento pode colocá-los em situação de desequilíbrio, que rouba a paz e é, com frequência, causa de conflitos na família.
Mas, já que o tema é educação, convém sempre irmos mais a fundo nas questões, buscando sólidas razões para as questões. Isso com frequência nos remete para a virtude que se busca ou que favorece um tipo de comportamento humano. E a que se relaciona diretamente com o que vimos tratando é a temperança, pois é ela que assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados.
A aluna que redigiu esse texto, diante de inúmeros pedidos que fazia para ter um celular novo ou outros objetos que desejava, desde a sua infância, recebeu como resposta a seguinte pergunta: “isso é realmente necessário para você? Por quê?”
Fábio Henrique Prado de Toledo, casado com a Andréa Toledo, pai de 11 filhos e avô de 2 netas. Moderador em cursos de orientação familiar do Instituto Brasileiro da Família – IBF. Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC, é Juiz de Direito em Campinas. Site: www.familiaeeducação.com.br. E-mail: [email protected]