Vinte e sete dias depois da votação no primeiro turno, os eleitores voltam às urnas neste domingo (30) para determinar quem será o presidente da República pelos próximos quatro anos. Em 12 estados também haverá segundo turno, entre eles São Paulo. O dia marcará o desfecho de uma eleição polarizada, na qual os ataques, denúncias e fake news foram os elementos principais de um embate que dividiu o País.
Desta vez, a expectativa é de que as grandes filas registradas na Região Metropolitana de Campinas (RMC) para votação não se repitam. No dia 2 de outubro, os eleitores tiveram que escolher, além do presidente da República e do governador de Estado, postulantes também para os cargos de senador e deputado federal e estadual. Agora, serão somente duas opções para presidente – Jair Bolsonaro (PL) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – e outras duas para governador – Fernando Haddad (PT) ou Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A RMC participa deste segundo turno com cerca de 2,4 milhões (2.402.271) de pessoas aptas a votar, distribuídas em 20 cidades. O número representa 6,92% do registrado no Estado de São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do Brasil. O território paulista conta com 34,6 milhões (34.667.793) de votantes.
Quem não votou no primeiro turno poderá exercer seu direito normalmente neste domingo, mesmo que ainda não tenha justificado a ausência. A justificativa precisa ser feita até o dia 1º de dezembro para que o eleitor continue com o título regularizado.
Para facilitar a votação, a Prefeitura de Campinas concedeu passe livre no sistema de transporte público das 6h às 19h deste domingo. A medida se estende a outras cidades da RMC, como Vinhedo e Hortolândia. Os locais de votação ficarão abertos das 8h às 17h.
As alianças
No primeiro turno, Lula ficou à frente de Bolsonaro com 48,43% dos votos, contra 43,20% do atual presidente da República. Na RMC, no entanto, o candidato do PL ganhou em todas as cidades (média de 56,38% contra 34,12%). Na disputa pelo Governo do Estado, Tarcísio levou a melhor sobre Haddad com 42,32% da preferência do eleitorado, enquanto o petista teve 35,70%. Na região de Campinas, o quadro se repetiu, com o candidato do Republicanos à frente (50,85% contra 28,42%).
Após os números do primeiro turno, o passo inicial dos candidatos para a sequência da disputa foi a busca de alianças. No cenário da corrida presidencial, Lula conseguiu o apoio de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), seus concorrentes no primeiro turno que terminaram na terceira e quarta colocações, respectivamente.
Já Bolsonaro teve a seu favor o posicionamento dos governadores reeleitos Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, além de Rodrigo Garcia (PSDB), atual governador de São Paulo que perdeu a disputa à reeleição.
Ataques
Lula concentrou sua campanha no Sudeste, onde a preferência do eleitorado no primeiro turno foi do seu adversário, enquanto Bolsonaro focou sua estratégia no Nordeste, região em que o petista prevaleceu. No âmbito da propaganda eleitoral, os ataques predominaram de forma mais acentuada do que no primeiro turno.
“No que a gente observa, acaba sendo uma campanha muito mais marcada pela desconstrução do adversário, no sentido de aumentar a sua rejeição”, chegou a comentar o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Eduardo Grin à Rádio CBN.
Na arena, a pauta religiosa ganhou força, com os candidatos disputando acirradamente a preferência de evangélicos e católicos.
Um vídeo do atual presidente em uma loja maçônica, por exemplo, foi utilizado por petistas para atacá-lo. Por outro lado, bolsonaristas compartilharam um vídeo que associa o ex-presidente ao satanismo.
Fake News e assédio eleitoral
Na carona dos ataques, as fake news viralizaram. Estudos apontam que a circulação de falsas notícias aumentou no segundo turno em comparação ao primeiro. O Tribunal Superior Eleitoral chegou a receber mais de 500 alertas diários de fake news após o dia 2 de outubro.
“A partir do segundo turno houve um aumento não só das notícias fraudulentas, mas da agressividade dessas notícias, que leva a uma corrosão da democracia “, chegou a afirmar o presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes.
O assédio eleitoral foi outra prática que ganhou força nos últimos dias. Até a última quinta-feira (27), 1.789 denúncias tinham sido enviadas ao Ministério Público do Trabalho, o que corresponde a 30 vezes mais do que as registradas no primeiro turno. O MPT fará plantão no fim de semana para receber casos e orientar vítimas.
E para completar a sequência de elementos danosos à ordem do processo eleitoral, a campanha de Jair Bolsonaro reagiu à não veiculação de sua propaganda política em rádios do Nordeste. Alegando boicote e irregularidades, o candidato do PL moveu uma ação, mas o processo foi rejeitado pelo TSE.
Bolsonaro, por sua vez, promete ir até “às últimas consequências” em relação ao caso. Ou seja, é até possível que a tumultuada eleição de 2022 não termine neste 30 de outubro.