Preciso começar este texto contando que não entendo quase nada de futebol, mas adorei conhecer e aprender sobre o projeto Futebol de Rua pela Educação, que é gratuito e acontece em várias cidades e estados do Brasil, dentre elas, em Campinas, no Instituto Padre Haroldo, no Campo Belo, e na E.E. Maria de Lourdes Bordini, no Bairro San Martin.
Por lá, mais de 200 meninos e meninas de 8 a 14 anos, participam do projeto no contraturno escolar.
Para entender mais do projeto criado em Curitiba, em 2006, e que utiliza o esporte, a educação e a cultura como ferramentas para o desenvolvimento humano, conversei com o coordenador do Instituto Futebol de Rua, Eber Crtian Dartora.
Ele me contou que esse é um dos diversos projetos do Instituto Futebol de Rua. Para este, a regra número um é o Fair Play (jogo limpo) e que os próprios alunos são os árbitros de seus jogos.
A criança decide se foi falta, se foi gol, se foi um drible limpo que aconteceu, e o professor ou professora que está presente faz o papel de mediador.
“Eles vão intervir caso as crianças não consigam decidir sobre o jogo ou ocorra uma situação conflituosa, em que não haja uma construção de consciência entre as crianças, e precise do processo de mediação”, conta.
Eber destaca que, no projeto, buscam resgatar o futebol arte, aquele futebol da criatividade, que dificilmente tem sido visto em campo. O drible e jogadas como caneta (ato de passar a bola entre as pernas de um adversário) ou um chapéu (passar a bola por cima do adversário e recuperá-la em seguida) valem muito mais que um gol.
Só com essas informações já comecei a olhar para o futebol de outro jeito, e achei bonito saber que o gol não é o mais importante naquela partida.
Dessa forma, eles estimulam o diálogo com conteúdo e o protagonismo dentro e fora de campo. “Queremos ver como a criança se comporta sozinha e como ela se comporta no coletivo. Na verdade, passamos para elas que ninguém joga sozinho na sociedade. Vivemos em uma sociedade de ajuda mútua”, destaca o coordenador.
Os alunos do Futebol de Rua pela Educação não jogam só bola, aprendem sobre educação financeira, educação para o trânsito, discussão de gênero, respeito à mulher, enfrentamento ao abuso sexual.
Quem participa conta que aprende muito além do futebol, como o caso da Giovanna Fachini, de 11 anos. “Faço parte do programa desde 2022, quanto eu tinha 10 anos. Além de jogar aprendi sobre respeito, educação. Eu gosto muito de fazer parte da turma do Futebol de Rua”, conta.
Já o Arthur Rodrigues da Costa, de 11 anos, conta que ama o Futebol de Rua. “Eu me sinto privilegiado e seguro, aprendemos sobre respeito, sobre a importância de se colocar no lugar do outro e também trabalhamos nossas emoções”, diz.
O Instituto Futebol de Rua está em 22 estados do Brasil e atende aproximadamente 11.480 crianças por semana nas 5 regiões do país.
“Hoje são 81 cidades, mas estamos indo para o campo de mais de 100 em 2024”, destaca Eber.
Em Campinas, o projeto é patrocinado pelas empresas John Deere e Mattos Filho.
Kátia Camargo é jornalista e lembrou da música do Skank que canta a coisa linda que “É uma partida de futebol”. Confira: