Na última semana de moda de outono-inverno 23/24, o luxo sem ostentação misturado com uma moda básica ditou o clima nas passarelas de marcas como Miu Miu, Hermès, Saint Laurent, entre outras. A alfaiataria foi quem roubou completamente a vez da logomania exaltando o clássico de qualidade.
Esse novo luxo descarta nomes visíveis, estampas chamativas e peças de ciclo antecipadamente determinado. Movimento reflexo da cadeia de criação, já que muitas grifes e empresas do meio encontraram dificuldade no abastecimento de insumos e matérias-primas, devido a guerra da Ucrânia e da Covid-19, deixando assim tudo menos acessível.
Isso reflete e muito na mudança da sociedade através da moda. Empresas especializadas em análise de tendências, como a líder WGSN, fazem um extenso e minucioso trabalho para transformar o que tem acontecido no mundo nos últimos meses em indicadores fashion para a próxima estação.
De acordo com a WGSN, um tema que dominou os holofotes foi a reinterpretação do luxo para uma estética mais discreta e atemporal.
A tendência, apelidada pela WGSN como Low Key Luxury (luxo discreto), se consolidou nesta temporada e promete continuar nas próximas temporadas.
Impulsionada por fatores como a Recession Care (cuidados de recessão), reflexo da crise de custo de vida que todo o planeta vem enfrentando e continuará sofrendo nos próximos anos, essa direção estética influencia o apelo por peças mais duradouras – tanto em modelagem quanto materiais – e menos apoiadas em estéticas momentâneas – como o boom de estéticas que vivemos em 2022.
Ou seja, partimos para uma estética mais natural e minimalista. Onde, cada vez mais, grandes grifes apresentam tons neutros e terrosos, sobreposições versáteis – o que permite repetição de roupas, com poucas jóias, como visto, recentemente, nos tapetes vermelhos, e acessórios e bolsas práticas e atemporais. Algo mais real para privilegiar a essência do luxo.
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]