A expulsão da jovem de 18 anos do curso de medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic, em Campinas, gerou manifestação por parte da mãe da estudante. Ao blog True Crime, do jornal O Globo, ela prometeu “não deixar barato” a situação vivida pela filha, que matou a amiga com um tiro no rosto em 2020. A expulsão da aluna foi confirmada na sexta-feira (16). O Hora Campinas noticiou o desligamento.
“Minha filha não deve nada para ninguém. Cumpriu o que foi imposto pela Justiça. Ela merece viver a vida sem esse linchamento moral”, afirmou a mãe ao jornalista Ullisses Campbell.
A jovem, então com 14 anos na época do crime, passou cerca de 18 meses internada em uma unidade para menores infratores, de onde saiu em junho de 2022.
Isabele Guimarães Rosa era a melhor amiga da autora do disparo.
Depois de deixar o centro para menores infratores e de concluir o Ensino Médio, a jovem prestou vestibular em 2023 e foi aprovada em várias faculdades, entre elas a São Leopoldo Mandic, onde foi matriculada em Medicina ao lado da irmã gêmea.
A mãe descreveu que a filha já enfrentou outras reações negativas antes da expulsão pela faculdade. Quando ainda morava em Cuiabá, teria ido a um salão de beleza e acabou sendo chamada de “assassina” por uma cliente no momento em que era maquiada para uma festa.
Uma aluna do 5º ano, moradora de Cuiabá, teria espalhado pela faculdade que a caloura havia sido condenada. Houve situações em que alunos da mesma sala se levantavam e se mudavam de perto de onde a jovem se sentava.
Justificativa para o desligamento
“Com base no Regimento Interno da Instituição e no Código de Ética do Estudante de Medicina, publicado pelo Conselho Federal de Medicina, a faculdade São Leopoldo Mandic decidiu pelo desligamento da aluna, assegurando a ela a apresentação de recurso, em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa”, divulgou a instituição, em nota.
“A Faculdade tem como nortes a estabilidade de sua comunidade, a dignidade acadêmica e o respeito aos princípios éticos que regem o Ensino Superior, para o que se faz necessário afastar riscos à reputação e imagem da Instituição, construída ao longo dos últimos 30 anos”, completa.
O caso
A adolescente apontada como autora do disparo foi indiciada por ato infracional análogo a homicídio qualificado, imprudência e imperícia. Ela foi liberada em junho de 2022 da internação no Complexo do Pomeri, onde ficou por um ano e cinco meses.
Em 2023, a Justiça de Mato Grosso extinguiu o processo de medida socioeducativa da adolescente.
O Tribunal de Justiça do Mato Grosso extinguiu o processo após o “cumprimento integral da medida de liberdade assistida imposta”. A autora dos disparos sempre sustentou que o tiro foi acidental. A versão da defesa alega que ao pegar a maleta com a arma, para guarda em outro cômodo da residência, houve a queda de uma das armas e o disparo ocorreu.
Em setembro do mesmo ano, a Polícia Civil de Mato Grosso (PCMT) concluiu, no entanto, que o tiro da arma de fogo que atingiu Isabele não foi acidental.
Leia também
Jovem que matou amiga quando era adolescente é expulsa de faculdade em Campinas