Mais de 7,8 mil menores desacompanhados chegaram à Itália por mar desde o início do ano, contra 4,6 mil resgatados em todo o ano passado. Entre eles há também um número de jovens e adolescentes da Costa do Marfim, um fenômeno crescente que os membros da organização Save the Children estão monitorando para tentar garantir a melhor capacidade de intervenção com relação aos fatores de risco.
Nesta semana, o navio Sea Eye 4 atracou no porto de Trapani com os mais de 800 migrantes resgatados nos últimos dias pela ONG Sea Eye no Mediterrâneo central. Entre eles estão mais de cem menores e várias crianças pequenas com suas famílias, assistidos pelos membros de Save the Children, organização que luta há mais de 100 anos para salvar crianças em risco e garantir-lhes um futuro.
“A essência deste desembarque encontramos em duas imagens opostas sobre as quais pousamos o nosso olhar. A expressão vazia, triste e desprendida de uma adolescente e a dança libertadora de uma menina de dois anos com energia irreprimível. Elas nos dão toda a gama de emoções sentidas por esses adolescentes, meninos e meninas que enfrentam uma viagem tão perigosa. As dolorosas feridas, visíveis e invisíveis, causadas pela trágica permanência na Líbia, muitas vezes durando mais de seis meses, como alguns deles nos disseram, combinadas com o terror da travessia do Mediterrâneo, e a sensação de liberdade e alegria sentida quando chegaram a um lugar seguro com a esperança de ter um futuro protegido e mais sereno pela frente”, disse Giovanna Di Benedetto, porta-voz da Save the Children.
Mas enquanto as pessoas resgatadas pela Sea Eye conseguiram chegar ao continente, ainda há migrantes resgatados por outro navio, o Ocean Viking, que estão esperando por um porto seguro. Mais uma vez, entre eles estão muitas pessoas vulneráveis, incluindo vários menores.
A organização enfatiza, mais uma vez, a necessidade e urgência de um compromisso direto dos Estados membros e da União Europeia para criar um sistema estruturado, coordenado e eficaz de busca e resgate no Mediterrâneo central, uma das rotas mais mortíferas do mundo, e a ativação de canais seguros de entrada na União Europeia.
É o respeito aos princípios do direito internacional que obriga os Estados a cooperar e coordenar no resgate de pessoas em perigo, operações de resgate que são concluídas quando um porto de desembarque seguro é designado. Salvar vidas deve ser a principal preocupação de qualquer operação no Mediterrâneo, informa a ONG.