O dia 4 de novembro de 2021 está marcado na história do Guarani por conta da heroica vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, em confronto decisivo pela 33ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. A data também jamais sairá da memória de Mavile Pina, atleta do Bugre na conquista do Campeonato Brasileiro de 1978, homenageado 43 anos depois, no Brinco de Ouro da Princesa, com uma medalha comemorativa, um pôster de campeão e uma camisa oficial do clube.
Formado nas categorias de base do Alviverde junto com Careca, Mavile na época tinha 19 anos e sentou no banco de reservas na estreia no Brasileirão de 1978, na derrota por 3 a 1 para o Vasco, no Brinco de Ouro. O jogador não chegou a entrar na partida, mas estava inscrito na competição e teve essa como a única participação na campanha que terminou com o título nacional – ficou fora do resto do campeonato por causa de uma séria lesão no joelho.
A história de Mavile, “esquecido” nas fotos do título bugrino e sem nunca ter ganho uma medalha pela conquista, foi contada pelo Hora Campinas em maio deste ano. E Mavile finalmente ganhou o reconhecimento por ter feito parte daquele elenco campeão.
“Foi maravilhosa essa homenagem que recebi do Guarani depois de 43 anos. Fui muito bem recebido pelo clube na última quinta-feira, fiquei muito feliz e eu não esperava que fosse uma homenagem tão maravilhosa como foi. Agradeço ao Ricardo Moisés (presidente do Guarani), ao Marcelo Tasso (superintendente executivo) e a todos que participaram dessa homenagem”, contou o ex-jogador.
Depois de vestir a camisa bugrina de 1976 até meados de 1979, somando a passagem pelas categorias de base e a equipe profissional, Mavile rodou por clubes como Radium de Mococa, União Barbarense, Corinthians de Presidente Prudente, Esportiva de Guará, Nacional-SP, Foz do Iguaçu e Grêmio Santanence, até retornar ao União Barbarense e encerrar a carreira em 1990.
O ex-jogador comentou como foi o retorno ao Brinco de Ouro depois de tanto tempo, agora para receber uma homenagem como campeão brasileiro de 1978.
“O Brinco de Ouro foi uma segunda casa que eu morei. Fiquei três anos no Guarani. Cheguei quando tinha 15 anos para 16 anos e fiquei até os 19 anos. Hoje o Guarani teve algumas mudanças, mas os funcionários continuam muito legais, mesmo com a maioria das pessoas da minha época já não trabalhando mais do clube”, elogiou.
“O campo na minha época era maior, agora diminuíram tanto na horizontal como na vertical. O espaço dos jogadores é menor e a velocidade agora é maior. No primeiro Dérbi que eu joguei, na categoria juvenil, perdemos de 2 a 0 para a Ponte Preta no Brinco de Ouro, mas depois não perdi mais nenhum Dérbi. Empatei e ganhei. Joguei algumas partidas no profissional também, assim como nos aspirantes. O vestiário mudou bastante, mas a estrutura geral é parecida, muito bonita, com gramado espetacular. O gramado era bom na minha época e agora está ainda melhor. Foi muito legal relembrar tudo isso”, enfatizou.

O ex-jogador bugrino recebeu a homenagem dentro de campo, antes da partida diante do Vasco, ao lado de Ricardo Moisés, presidente do Conselho de Administração do Guarani, e Bozó, ídolo do clube e companheiro de Mavile na conquista do Campeonato Brasileiro de 1978. Ele também encontrou Careca na arquibancada do Brinco de Ouro, e a dupla relembrou os momentos que viveram juntos nas categorias de base do clube.
“O Bozó é uma pessoa maravilhosa, humilde, que merece todo o nosso respeito pelo profissionalismo que teve quando jogou no Guarani. O Careca acabou atrasando um pouco no trânsito e não conseguiu entrar em campo para tirar uma foto comigo. Infelizmente não deu, mas depois ficamos conversando e batemos um papo muito legal. Ele é uma pessoa maravilhosa, sempre teve enorme profissionalismo na carreira, chegou onde chegou por méritos dele, se dedicou ao futebol e mereceu conquistar grandes resultados”, destacou Mavile.

“Fizeram uma recepção enorme e eu tive uma surpresa enorme com a recepção que eu tive da torcida quando estava na arquibancada conversando com o Careca, relembrando a nossa época. No intervalo do jogo, o sistema de som do estádio anunciou meu nome, a torcida ficou em pé, bateu palmas e fiquei muito agradecido”, pontuou o ex-atleta que esteve no Brinco de Ouro ao lado da esposa e do filho.
Após a homenagem esperada por tanto tempo, Mavile viu de perto a épica vitória do Guarani por 1 a 0 diante do Vasco, em confronto decisivo na disputa pelo acesso para o Campeonato Brasileiro da Série A. Pé quente, o ex-volante trouxe sorte ao time do coração, se mostrou realizado com o triunfo do Bugre e garantiu que vai voltar ao estádio em partidas decisivas.
“Foi legal também porque no final o Guarani conseguiu a vitória. A torcida falou para eu vir sempre porque sou pé quente e quero muito estar aqui nos jogos decisivos. Eu sempre gostei do Guarani, amo o Guarani, quero que o Guarani volte ao lugar que é dele, lá na parte de cima, sempre valorizado como campeão brasileiro”, projetou o ex-atleta que atualmente mora em São José dos Campos e é funcionário da prefeitura municipal.
Reportagem do Hora Campinas
O Hora Campinas, no dia 16 de maio deste ano, produziu uma reportagem (veja a matéria) com Mavile, que até então não havia recebido a medalha de campeão brasileiro de 1978, muito menos a faixa de campeão ou qualquer homenagem do clube do seu coração. Cinco meses depois da publicação da matéria especial, o ex-volante foi procurado pelo clube para ser homenageado e agradeceu a todos que ajudaram na realização do seu sonho.
“O pessoal do Guarani me ligou um mês atrás, mais ou menos, mas eu tinha um compromisso aqui em São José dos Campos e não consegui vir. Aí marcamos outra data e coincidiu com esse jogo com o Vasco. Fiz questão de comparecer, acabou dando certo de estar presente nessa homenagem maravilhosa e mais uma vez só tenho a agradecer muito ao clube”, afirmou.
“Agradeço toda a equipe de vocês (Hora Campinas) que fizeram um trabalho maravilhoso. Desejo maior sucesso para vocês e sempre estou à disposição. Meu agradecimento é eterno. Quero maior sucesso para vocês, me ajudaram muito, é uma recordação maravilhosa essa homenagem que recebi e vou guardar tudo com o maior carinho. Meu filho até pediu a camisa do Guarani que recebi na homenagem, mas falei que ele só vai poder ficar com a camisa quando eu partir para outro mundo”, finalizou Mavile, bem-humorado.

Ricardo Moisés, presidente do Conselho de Administração do Guarani, mostrou gratidão por conseguir homenagear Mavile mesmo depois de 43 anos da conquista do título brasileiro. O mandatário afirmou que uma “injustiça histórica” foi corrigida e destacou que o ex-jogador faz parte da lista de personagens marcantes que passaram pelo clube.
“É um orgulho imenso para todos nós poder ter prestado essa homenagem ao nosso campeão brasileiro Mavile. Foi também a possibilidade de corrigir uma injustiça histórica, já que ele fez sim parte daquele grupo que deu ao clube sua principal glória. Foi gratificante demais poder ter visto a alegria do Mavile em voltar ao Brinco de Ouro, reviver todas as memórias de 1978 e, claro, pelas homenagens recebidas por ele. O Guarani tem orgulho de poder prestar reverência àqueles personagens que fazem parte da sua rica história”, pontuou Ricardo Moisés, em contato com a reportagem do Hora Campinas.