Mick Jagger fez 80 anos, eu tenho 76. Somos da mesma geração e pude acompanhar seu envelhecimento a olhos vistos. Quem imaginaria que a esta altura ele ainda estaria fazendo o maior sucesso e eu ainda estaria na operação de uma empresa familiar que já completou 115 anos? Me sinto uma peça de museu, mas ainda respiro e canto nos meus sonhos. Não vivo sem ouvir música.
Cada perspectiva é diferente em sua forma e visão. Seguramente a minha foi, e ainda é, muito mais simples do que a dos artistas. Eu tenho que me atualizar permanentemente e tento fazer isso nos mais diversos assuntos, mas os artistas têm que criar para manter o apoio dos fãs.
No caso de Jagger e sua banda Rolling Stones, foi preciso construir uma obra que acompanhou gente desde a adolescência, nos anos sessenta, e que envelheceu com eles, bem como encantar outras gerações que os redescobrem a cada ano.
Jagger e os Rolling Stones têm aparecido na New Yorker durante grande parte do período desde então e o curioso é analisar que Jagger só passou a se portar como “pop star” quando já tinha cinquenta e nove anos. Nessa idade que muita gente já quer parar.
O processo dessa nova performance exigiu um cronograma altamente regulado e participação de uma coleção variada de consultores, além de uma lógica hermética sobre por que ele precisar de looks personalizados para entrar no palco.
Em sua maneira bem-humorada, as discussões iluminam a posição cultural de Jagger, situado entre arte, imagem, comércio e celebridade. É incrível, mas em julho de 1962 os Rolling Stones fizeram seu primeiro show, no Marquee Club, em Londres.
Sessenta anos depois, os Rolling Stones ainda estão fortes. Essa capacidade de se manter na cabeça das pessoas é fruto de uma inovação e uma criatividade raras.
No Brasil, similarmente, podemos destacar uma dupla Chitãozinho e Xororó, que se mantém eterna na mente das pessoas e com uma carreira longeva. Eu os conheci muito bem e sei o que lutaram e correram para chegar aonde estão e se manterem nas paradas de sucesso até hoje.
Também temos o caso de Roberto Carlos, cuja voz e ritmo ainda agradam. Estes são exemplos de quem sobe ao topo e sabe se manter no alto. Coisa muita rara nestes dias de fama fácil e queda mais fácil ainda.
Afinal, é como o octogenário Mick Jagger canta, nem sempre conseguimos o que queremos, mas se tentarmos, talvez consigamos o que precisamos.
Para conferir a canção: https://www.youtube.com/watch?v=Ha3Y3CEByC4
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social.