O nosso esforço em lidar com as mudanças climáticas está muito aquém do que é necessário. É hora de acionarmos urgentemente o botão de emergência, para ontem! No Setor Privado, 40% das empresas não têm nenhum compromisso com carbono neutro ou zerar seu uso. No que tange os avanços tecnológicos, metade dos projetos de descarbonização necessários ainda não é economicamente viável.
Se os comportamentos empresariais não mudarem, não estamos só arriscando perder o Acordo de Paris, de manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C. Podemos até ter dificuldade em ficar abaixo de 2° C. Cada décimo é importante nesta batalha, e estamos há muitos décimos de distância.
É importante destacar que nenhum país, empresa ou cidadão vai conseguir enfrentar esse desafio sozinho. Isso requer colaboração entre sistemas privados e públicos.
E, além disso, será preciso produzir mudanças sistêmicas e comportamentais em escala global e local, o que, dadas as considerações geopolíticas, econômicas e sociais, torna esse problema o mais desafiador da história da humanidade.
Olhando para este cenário, fica difícil ser otimista, mas temos que lutar. Existem ações que os governos e as empresas podem tomar e que teriam um impacto significativo. Começando por desenvolver compromissos e ações ousadas e rápidas, como se estivéssemos em situação emergencial, pois estamos.
Essa integração prática é vital para tentar reverter o aquecimento global. Afinal, estima-se que um aumento de 2°C na temperatura global traria secas mais severas, inundações mais devastadoras, além de mais incêndios e tempestades. Uma catástrofe anunciada e já calculada.
Ao apoiar ações radicais em mitigação dos riscos que a natureza corre, também devemos incentivar políticas que apoiem a transição energética imediatamente. E, não menos importante, mudar o foco corporativo, com missão e metas mais ambiciosas, e transparência em todas as cadeias de suprimentos.
Devemos fortalecer incentivos para aumentar drasticamente as tecnologias de alto impacto e construirmos a infraestrutura inteligente necessária para reduzir o desperdício matéria-prima e descarte de material ainda utilizável.
Precisamos aumentar o financiamento para atingir a meta Global de carbono neutro e promover uma maior colaboração entre todos os atores do mundo.
Os líderes empresariais precisarão desempenhar um papel enorme e fundamental, tanto para acelerar o progresso quanto para garantir a sobrevivência a longo prazo de seus países e de suas organizações.
E, como indivíduos, também podemos fazer nossa parte. Dentre as ações que o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) destaco: plantar árvores, controlar o consumo de energia, comer mais alimentos à base de plantas, usar transporte público ou criar esquemas de carona solidária, ou outras atitudes que você perceber que pode implementar em seu dia a dia.
Se unirmos ações empresariais, governamentais, coletivas e individuais ainda podemos ter alguma chance de deixar algo bom para os netos dos netos, nem que seja o mundo.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar