Minha prima Aline me enviou uma mensagem no celular com o seguinte texto: ‘Fiz pão de estrela!’ Imediatamente, ao ler ‘pão de estrela’, me transportei para a cozinha da casa da minha mãe, onde, com meus quatro irmãos, sempre recebíamos a minha vó, meus tios e primos, e todos esperavam ansiosamente as fornadas de pão de estrela que eram devoradas ainda quentes com café feito no coador de pano.
Logo em seguida, Aline me mandou a foto do seu pão de estrela e outra foto, que me emocionou, a do caderno de receitas da minha vó Hilda, amarelado e manchado pelo tempo e pelo uso. Uma preciosidade, e que saudades que me deu de folhear aquele caderno que traz muito da história das pessoas que passaram pela vida da minha vó.
Minha mãe e minha vó sempre faziam pão de estrela quando juntavam a família. Só de escrever, eu chego a sentir o cheiro perfumando a casa toda. Antes que me esqueça, o pão de estrela é também conhecido por aí como fatias húngaras, ou, como a Laine (editora do portal) me contou, para ela se chamava rosca da Nilza.
Mas, para o pessoal aqui de casa, sempre foi e será pão de estrela. Até porque as estrelas que o produziam, no caso minha vó e minha mãe, já não estão mais por aqui para mudar o nome. Pelo menos nos nossos cadernos de receita.
Se a gente parar para pensar um caderno de receitas tem o poder de fazer coisas incríveis, capazes de satisfazer não só a fome, mas também a alma. Porque as receitas ajudam a eternizar as histórias, marcar gerações, lembrar de momentos felizes. Afinal, dificilmente a gente coloca nele uma receita que não deu certo.
No meu caderno de receitas anoto o nome do prato e de quem me passou a receita, como, por exemplo, o bolo de fécula da Silvana, a torta holandesa do Luis, a bolacha da memória da dra. Eloísa (essa receita ando precisando fazer mais vezes). Vou colecionando receitas e histórias por aí. Aliás, o meu caderno foi um presente de uma querida amiga chamada Tânia, um pouco antes de eu me casar.
Comida que abraça
Pensando em quanto a comida nos abraça e querendo descobrir e partilhar receitas preciosas, o portal está lançando a iniciativa Receitas de Afeto do Hora Campinas. Vamos preparar um livro digital que poderá ser baixado gratuitamente com todas as receitas que chegarem, para nutrir nosso corpo e nosso coração.
Nos envie até o dia 25 de novembro sua receita favorita, contando a história do porquê escolheu esse prato. Quem tiver, pode também enviar uma foto do prato ou mesmo do caderno de receitas, mas não é obrigatório.
Por aqui já estou animada, pois sei que será um momento de troca de sabores e saberes.
O pão de estrela é uma das minhas receitas preferidas, pois ele me traz lembranças de encontros, risadas, saudades de amores que não estão mais por aqui. Qual é a sua?
Fico esperando as receitas de vocês e, se possível, quero fazer algumas para provar.
Meu e-mail é o [email protected]
Receita do Pão de Estrela (da vó Hilda e da mãe Inês)
Ingredientes:
2 colheres de fermento de pão (pode ser em pó)
2 copos de leite morno
3 colheres de açúcar
3 colheres de óleo
3 ovos
1 colherinha de sal
Farinha de trigo suficiente para dar liga aos ingredientes (aproximadamente 800 gramas)
Para rechear:
2 colheres de manteiga
3 colheres de açúcar
100 gramas de coco ralado
Misture bem e reserve
Modo de preparo
Amasse bem todos os ingredientes com as mãos até formar uma massa não muito dura, e que não grude nas mãos. Despeje trigo numa bancada e abra a massa com o rolo.
Em seguida coloque o recheio de coco e enrole como se fosse um rocambole. Com uma faca corte em fatias de pelo menos um dedo de espessura. Unte uma forma e coloque as fatias recheadas. Deixe crescer por uma hora.
Leve para assar por 40 minutos em forno pré-aquecido. Depois que assar jogue leite condensado e deguste.
Kátia Camargo é jornalista e adora testar receitas. Se não as escreve no caderno de receitas, elas acabam se perdendo pelo caminho. A música que embalou essa coluna é de Marisa Monte, Não é Proibido.