“O dia em que o Seo Rosa morreu” Desde o início de Campinas ele já estava lá. Era a maior árvore de um pequeno bosque, de onde se observava, no final da tarde, a revoada das andorinhas. O Tempo se encarregou de transformar uma parte do bosque em hospital, outra em Paço Municipal e o jequitibá-rosa num marco da cidade. Uma árvore tão marcante que emprestou seu nome ao prédio da Prefeitura e ao cinema em frente. Ganhou em troca um apelido: “Seo Rosa”.
Assim descreve texto do livro “Campinas – século XX – 100 anos de história”, de responsabilidade da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC) e escrita de um dos jonalistas mais premiados do País, José Pedro Soares Martins. Ele é também especialista em meio ambiente, um profissional que dedica a sua vida ao tema da responsabilidade ambiental.
E continua a descrição no livro: “Era imenso: 120 toneladas, 42 metros de altura e 6 de diâmetro na base do tronco.
Subiam diariamente por seu caule, 600 litros de água, dos quais 550 retornavam em forma de vapor. Era grande o suficiente para abraçar a todos que pediam sombra e ar fresco. Descansar embaixo de sua copa era esquecer, por minutos que fossem, a agitação da cidade e deixar-se contagiar pela serenidade do seu metabolismo lento e tranquilo.”
A queda
Seo Rosa morreu no dia 16 de janeiro de 1999, em uma manhã de sábado, deixando Campinas mais triste! Em homenagem a ele, foi plantado o Jequitibá Seo Rosinha. Ao seu lado foi colocada uma placa, lembrando o Jequitibá Seo Rosa. Seo Rosinha não é o jequitibá que foi atingido pelo raio.
A memória
A queda do imenso jequitibá atraiu a atenção da mídia nacional. O jornalista premiado José Hamilton Ribeiro, amante da natureza e com parte de sua jornada profissional realizada em Campinas, veio à cidade para visitar o Seo Rosa. A visita rendeu reportagens emocionadas, já que Hamilton Ribeiro sempre prezou em seu ofício as histórias simples e humanizadas. Na ocasião, o jornalista trabalhava na Revista Globo Rural e também no programa de TV de mesmo nome.
Dos troncos cortados do Seo Rosa nasceram dois violinos, esculpidos e produzidos por um artesão.
Seo Rosa era sobrevivente de uma mata nativa ainda da Campinas do Mato Grosse, que deu origem à metrópole que hoje conhecemos.
O que diz a botânica
O jequitibá-rosa (nome científico: Cariniana legalis), árvore emergente brasileira da família Lecythidaceae, é a árvore-símbolo dos estados de São Paulo e do Espírito Santo. Seu porte e beleza fizeram com que seu nome fosse dado a cidades, ruas e palácios.
No Estado do Espírito Santo é considerada árvore símbolo e tem data comemorativa, o dia 21 de setembro conforme lei. O Projeto Jequitibá-Rosa, da Associação Ecológica Força Verde, esteve à procura da maior árvore dessa espécie no Espírito Santo. Acabou encontrando um jequitibá-rosa gigantesco, em Barra do Triunfo, município de João Neiva. Medições comparativas indicam claramente que esta é a maior árvore da Mata Atlântica brasileira, medindo 11,85 metros de circunferência.
Características morfológicas
É considerada a maior árvore nativa do Brasil, porque pode atingir até 50 metros de altura e um tronco com diâmetro de até sete metros. Suas folhas membranáceas medem até 4 x 7 cm.
As flores, pequenas, que surgem de dezembro a fevereiro, são de cor creme.
O fruto é um pixídio lenhoso, cuja abertura espontânea, em agosto-setembro, libera as pequenas sementes de dispersão eólia. Um quilograma contém cerca de 22 mil sementes, que germinam em ambiente semi-sombreado, emergindo o broto entre 12 e 20 dias.
Com informações do livro “Campinas – século XX – 100 anos de história”, de responsabilidade da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC)