Pela primeira vez desde julho de 2020, a ocupação dos leitos de terapia intensiva (UTIs) para Covid-19 ficou abaixo de 60% em todas as unidades federativas do país, divulgou nesta sexta-feira (25) o Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O mesmo relatório aponta alta dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças, ao longo de fevereiro e março deste ano.
Entre crianças de 0 a 4 anos, a média móvel dos casos aumentou em cerca de 77%, passando de 970 casos semanais para cerca de 1.870. Entre as crianças de 5 a 11 anos, o aumento na média foi de 216%, passando de 160 casos semanais para uma média estimada em 506 casos semanais. Os dados se referem apenas ao Sistema Único de Saúde (SUS) no período de 6 a 19 de março, e os pesquisadores consideram que o cenário é de otimismo.
Os pesquisadores reforçam que a vacinação possibilitou a redução de casos graves e fatais de Covid-19 no Brasil e no mundo entre os adultos, e pedem reforço nos dois extremos da pirâmide etária. Enquanto idosos devem receber as doses de reforço disponíveis para sua idade, os responsáveis pelas crianças devem levá-las para completar o esquema de duas doses.
Estabilidade
O boletim informa que a tendência de queda nos indicadores de incidência e mortalidade da Covid-19 perdeu velocidade, o que pode indicar um período em que a transmissão da doença vai se manter estável, em taxas ainda consideradas altas.
Nas semanas analisadas, foram registradas médias de 42 mil casos e 570 óbitos diários, com quedas de 32% e 35% em relação à quinzena anterior. A Fiocruz pondera que, na semana de 6 a 12 de março, houve um pequeno aumento no número de casos, que pode ter resultado das festas e viagens no período de carnaval, da flexibilização do uso de máscaras e da realização de eventos de massa que têm ocorrido em algumas cidades. Na semana seguinte, esses valores tornaram a cair.
Crianças
O aumento de casos entre as crianças, segundo a Fiocruz, coincide com o período de retomada o ano letivo nas escolas. A maior parte dos casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de Covid-19, exceto entre as crianças de 0 a 4 anos.
O boletim mostra que, entre a população geral, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de 1,3% Influenza A, 0,3% Influenza B, 15,8% vírus sincicial respiratório, e 73,8% Sars-CoV-2 (covid- 19). Entre as mortes, a presença destes mesmos vírus entre os positivos foi de 0,7% Influenza A, 0,0% Influenza B, 0,1% vírus sincicial respiratório (VSR), e 98,5% Sars-CoV-2.
Entre as crianças de 0 a 4 anos, houve aumento dos casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que pertence ao gênero pneumovírus e é um dos principais agentes de infecção aguda nas vias respiratórias em crianças pequenas. O vírus pode afetar os brônquios e os pulmões e é responsável pela bronquiolite aguda e pneumonia.
Estados
O boletim mostra que a curva nacional dos casos de SRAG, considerando todas as idades, mantém sinal de queda nas tendências de longo prazo, ou seja, considerando os dados das últimas seis semanas, e de curto prazo, consideradas as últimas três semanas. Essa tendência acompanha a queda nos casos associados à doença. Há, no entanto, indícios de possível início de estabilização em patamar que já é inferior ao de começo de novembro de 2021, quando havia sido registrado o menor número de novos casos semanais desde o início de epidemia de covid-19 no Brasil.
(Agência Brasil)