Uma petição popular virtual propõe a ampliação da ciclovia da Avenida Princesa D’Oeste, no bairro Jardim Proença, com o objetivo de homenagear o histórico técnico campineiro José Duarte, único treinador campeão tanto pelo Guarani quanto pela Ponte Preta.
Inaugurada em outubro do ano passado, a ciclovia Antônio Pedroso de Camargo possui 1,2 km de extensão. Construída no canteiro central da Avenida Princesa D’Oeste, a ciclofaixa abrange o trecho entre a Rua Conde D’Eu, na altura do Brinco de Ouro, e a Praça Agenor Oliveira “Cartola”.
A ideia do abaixo-assinado é estender a ciclofaixa já existente pelo canteiro central da Avenida Ayrton Senna da Silva e batizar o novo trecho com o nome do treinador. A ramificação de 750 metros interligaria os estádios Brinco de Ouro da Princesa e Moisés Lucarelli, dois locais onde Zé Duarte escreveu importantes capítulos de sua rica história no futebol.
“A ideia é simbólica para os grandes méritos deste treinador. Com a ciclovia, os campineiros terão a possibilidade de vivenciar um dos caminhos que Zé Duarte realizou ao longo de sua história gloriosa”, afirma o historiador Ivan Franco do Amaral, que idealizou o abaixo-assinado. Para participar da campanha, acesse: www.change.org/p/prefeito-de-campinas-nomea%C3%A7%C3%A3o-da-ciclovia-em-homenagem-ao-t%C3%A9cnico-z%C3%A9-duarte.
Entre inúmeras idas e vindas pelo futebol campineiro, Zé Duarte comandou a Ponte Preta no título estadual da Divisão de Acesso, em 1969, e nos vice-campeonatos paulistas de 1977 e 1979. Já pelo Bugre, conquistou a Taça de Prata de 1981, equivalente à Série B do Campeonato Brasileiro. Além disso, ele é o treinador que mais tempo dirigiu o Bugre de forma ininterrupta, de 1971 a 1975.
José Duarte é ainda o técnico que mais venceu Dérbis Campineiros em toda a história do confronto: 12 vitórias em 28 clássicos (17 pelo Guarani e 11 pela Ponte Preta), com seis triunfos para cada lado. O retrospecto geral do treinador também aponta 13 empates e apenas três derrotas. Mais impressionante do que isso, Zé Duarte nunca perdeu um Dérbi comandando a Macaca.
Conhecido carinhosamente como “Seo Zé” e “Zé do Boné”, José Duarte também trabalhou em outros clubes importantes do futebol brasileiro, como São Paulo, Santos, Cruzeiro, Fluminense, Internacional, Athletico-PR e Bahia. Além disso, comandou a Seleção Brasileira de Futebol Feminino nos quartos lugares dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, e Sydney, em 2000.
Foram as duas primeiras Olimpíadas do futebol feminino e também da brasileira Formiga, única jogadora no mundo a participar de sete edições olímpicas. Aos 43 anos, ela se despediu da Seleção Brasileira no último mês de novembro, após 25 anos vestindo a amarelinha.
Mais sobre o abaixo-assinado
Com a intenção de preservar a memória do técnico José Duarte, o abaixo-assinado para extensão da ciclovia da Princesa D’Oeste e nomeação do treinador campineiro foi criado no último mês de novembro e já reúne mais de 200 assinaturas. A meta é conseguir pelo menos mil apoiadores para apresentar a proposta à Prefeitura de Campinas.
Com apoio da filha de Zé Duarte, Cláudia Duarte, a iniciativa partiu do historiador Ivan Franco do Amaral, criador da página Camp History, em parceria com o pesquisador Diego Toledo. Mas primeiro eles mergulharam na história do treinador.
“No mês de aniversário do técnico Zé Duarte, em outubro, a Camp History realizou um especial para resgatar memórias de colegas, familiares e pessoas que trabalharam com ele. Esse projeto teve início após conhecermos a filha do Seu Zé, Cláudia Duarte, que acompanhava o nosso canal, apresentou-se e ficou à disposição”, conta Ivan.
“Eu sempre comento com pessoas mais próximas que a Avenida Ayrton Senna deveria se chamar Avenida José Duarte, pois liga os dois estádios de Campinas. Mas isso é uma coisa meio megalomaníaca de filha, que envolve muito sentimento e afeto, então para mim não é legítima. Por isso, considero muito interessante a ideia do abaixo-assinado. Se for viável, seria muito legal porque é uma faixa para prática de esporte e as ciclovias estão se estendendo pela cidade”, aprova Cláudia Duarte.
“Durante o mês especial, conseguimos descobrir a história do vitorioso treinador, que nasceu em Campinas, iniciou na várzea e consagrou-se como um dos treinadores que mais treinou Ponte Preta e Guarani, além de ser o único campeão pelos dois times. São méritos seus também o olhar para revelar craques da Seleção que passaram pelos dois clubes, como Oscar e Carlos, e ser o primeiro treinador do futebol feminino a participar de uma Olimpíada”, ressalta Ivan Franco.
Nascido em Campinas, no dia 19 de outubro de 1935, José Duarte faleceu em 23 de julho de 2004, aos 68 anos, devido a problemas de saúde. Se estivesse vivo, ele teria completado 86 anos em 2021.
“Conseguimos conhecer essas memórias através dos filhos, da esposa, da jogadora Formiga, dos jornalistas Renato Otranto e Roberto Diogo, do preparador físico Pedro Pires, do pesquisador Stephan Campineiro, do supervisor de futebol feminino da CBF, Romeu Castro, além do primeiro capitão campeão em 1959 com o Zé Duarte, o Didi”, lista Franco.
“A partir destes belíssimos depoimentos dos entrevistados, ficamos indignados ao descobrir que não existe nenhum ponto de memória na cidade para relembrar as futuras gerações sobre este campineiro que apresentou grande importância para o futebol da cidade e nacional”, constatou Ivan.
Para saber mais sobre a história do técnico Zé Duarte, assista à playlist completa do canal Camp History com depoimentos de amigos, familiares e jornalistas sobre o treinador: www.youtube.com/watch?v=8D_Lbho17M0&list=PLhCWTRc97p4E7uQ-Ft-jtRd7NKdWpjmLF.
“Assim, como um retorno e agradecimento a todos que trouxeram grandes memórias do Zé Duarte, a Camp History veio com a proposta de um abaixo-assinado para solicitar junto à Prefeitura de Campinas a ampliação da ciclovia unindo os dois estádios que o Zé Duarte esteve ao longo de sua vida, e assim apresentando o nome dele”, finaliza Ivan.