O professor Rafael de Freitas Leão, acusado de agredir estudantes com uma faca e um spray de pimenta no Campus de Barão Geraldo da Unicamp na manhã desta terça-feira (3), apresenta um perfil peculiar. Em sua conta no Instagram, por exemplo, aparece em fotos exibindo um machado. Também há publicação dele em ação num clube de tiro. A Unicamp promete averiguar a conduta do docente.
Depois da divulgação da ocorrência em vídeo e do caso ser registrado no 1° Distrito Policial de Campinas, Leão apagou seus perfis nas redes sociais.
“A conduta do docente, para além do inquérito policial instaurado, será averiguada por meio dos procedimentos administrativos adequados e serão tomadas as medidas cabíveis”, afirma a Unicamp em nota.
Além de aparentar ser um simpatizante de armas, Rafael de Freitas Leão também é um apaixonado por matemática, departamento do qual faz parte na Unicamp. Publicações na internet apontam que ele é doutor formado pela Universidade de Campinas, com ênfase em Geometria e Topologia.
Quando sai de casa para lecionar, junto com o material utilizado normalmente no dia a dia de trabalho, Leão costuma carregar faca e spray de pimenta. A revelação foi feita por ele em depoimento à polícia nesta terça-feira. O professor classifica o comportamento como uma forma de defesa, já que alega ter sido ameaçado por estudantes na Unicamp em 2016.
A ameaça, afirma, se repetiu na manhã desta terça, quando o clima estava pesado no Campus em função das manifestações de estudantes e trabalhadores contrários às medidas do governo do Estado.
O docente diz que ao chegar para lecionar, se deparou com uma aglomeração em frente à sala de aula e que foi impedido de exercer sua função, além de ter sido agredido. Admitiu que sacou a faca, mas a guardou em seguida. E que usou o spray de pimenta para afastar a multidão, pois teve receio de ser linchado. “Ele caiu e teve lesão no quadril”, afirma seu advogado.
O estudante Gustavo Bispo, de 20 anos, por sua vez, alega ser uma das vítimas do professor durante a confusão. Diz que foi jogado no chão e ameaçado com uma faca depois de ter solicitado a liberação dos alunos da aula para a participação nos protestos.
Gustavo não descarta ter sido alvo de uma ação racista. “Eu era o único negro na sala de aula”, argumenta.
Vídeo também mostra Leão atracado com outro estudante ao som de gritos de “racista” por parte de testemunhas. A briga, na ocasião, foi com João Gabriel Cruz, que diz ter conseguido imobilizar o professor após ser ameaçado com spray de pimenta. Na sequência, o docente é contido e conduzido por seguranças a uma sala, até a chegada da Polícia Militar. Testemunhas relatam que o professor portava duas facas.
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