Estudando e pesquisando casos reais de educação plural que ocorrem no Brasil conheci um projeto muito inspirador chamado Jovem Chef, que acontece na periferia de Campinas.
Antes de aprofundar no Jovem Chef, preciso abrir um parêntese para explicar que a Educação Plural é um projeto que estou trabalhando há alguns anos com Claudio Moura Castro, pesquisador de educação e economista.
Trata-se de uma pluralidade de pessoas decidindo ensinar o que sabem para os mais jovens que têm poucas alternativas de estudar e trabalhar e, com isso, poderem melhorar de vida e criar perspectivas com o ofício aprendido.
A Educação Plural mergulha em projetos realizados a partir de diferentes iniciativas, dentro de um bairro, de uma comunidade, de uma cidade, pelo fazer de uma pessoa ou várias, que se unem para partilhar seus saberes com o outro.
Os projetos são idealizados olhando para os jovens, seus desafios, suas dificuldades, suas dores, e como esses jovens, a partir do aprendizado de um ofício, vão recuperando a autoestima, resgatando seus sonhos e acreditando em suas potencialidades.
O Jovem Chef é um exemplo muito inspirador de educação plural e precisa ser replicado pelo Brasil.
O projeto nasceu em 2019, no Jardim Campineiro, em Campinas, por meio de uma parceria com a FEAC. Foi idealizado pelo Movimento Assistencial Espírita (M.A.E) Maria Rosa, uma instituição não governamental e que começou a atuar justamente no combate à fome em Campinas.
O Jovem Chef utiliza a gastronomia como uma ferramenta de inserção social aliada à formação de mão de obra qualificada. Mais do que isso, permite que os jovens consigam enxergar seus talentos e potencialidades.
Para se ter ideia do seu funcionamento, os jovens de 15 a 29 anos se reúnem em 14 encontros presenciais e têm aulas guiadas e práticas sobre cortes, higiene, manipulação de alimentos; legumes; caldos e bases; molhos e massas; carnes, peixes e frango; saladas e grãos; bolos básicos e decorados; panificação; entre outros temas.
O foco é preparar os jovens para o mercado de trabalho ao mesmo tempo que leva em conta o projeto de vida de cada um. Os resultados são bem animadores, pois muitos já estão atuando na área, seja trabalhando em restaurantes e hotéis da cidade ou empreendendo.
Histórias como a do Jovem Chef são animadoras, pois muito além de ensinar um ofício, as iniciativas ajudam também a dar voz para esses adolescentes que, muitas vezes, estão invisíveis para a sociedade. Mais do que ensinar um ofício, o acesso a esses projetos contribui para que os jovens voltem a sonhar, acreditem em suas potencialidades e respeitem seus desejos e aspirações.
E quando olhamos quantos ofícios precisamos e que não encontramos, uma oportunidade enorme se coloca em nosso horizonte. São mais de 300 tipos ofícios que esses jovens podem ser treinados a espera de sua candidatura. E sem eles, sem jovens com conhecimento e vontade de trabalhar não seremos capazes de sermos cuidados num futuro próximo.
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar