A Rússia desvalorizou nesta segunda-feira (27) a reação do Ocidente aos seus planos de colocar armas nucleares táticas na vizinha Belarus, argumentando que os Estados Unidos fazem o mesmo há décadas com os seus aliados.
“Esta reação, naturalmente, não pode mudar os planos da Rússia”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, citado pelas agências espanhola EFE e francesa AFP.
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou, no sábado (25), um acordo para a instalação de armas nucleares no território de Belarus, que faz parte da chamada União Estatal com a Rússia, criada pelos dois países em 1999.
“Não há aqui nada de extraordinário. Em primeiro lugar, os Estados Unidos têm vindo a fazê-lo há décadas. Há muito tempo que os Estados Unidos implantaram as suas armas nucleares táticas no território dos seus aliados”, disse Peskov. “Se a minha memória não me falha, em seis países: Alemanha, Turquia, Países Baixos, Bélgica, Itália e Grécia”, indicou, se referindo a membros europeus da Organização da Aliança do Atlântico Norte (Otan).
Ao justificar a decisão, anunciada em plena guerra contra a Ucrânia, Putin disse que o acordo não viola as obrigações da Rússia em matéria de não-proliferação nuclear.
Segundo Putin, a formação do pessoal militar bielorrusso terá início em 03 de abril, e a construção de um silo para albergar as armas nucleares na antiga república soviética estará concluída em 01 de julho.
Em reação, a União Europeia (UE) ameaçou adotar novas sanções contra Belarus, aliada da Rússia na invasão da Ucrânia ordenada por Putin em fevereiro do ano passado. “O acolhimento de armas nucleares russas por Belarus constituiria uma escalada irresponsável e uma ameaça à segurança europeia”, disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, no domingo (26).
“Belarus ainda pode impedir isso. A UE está pronta para responder com mais sanções”, assegurou o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
A Otan disse estar vigilante e denunciou a retórica nuclear russa, que classificou como “perigosa e irresponsável”. Uma porta-voz da entidade acrescentou que a Aliança “não viu quaisquer mudanças na postura nuclear da Rússia” que levassem ao ajustamento da sua estratégia.
Já a Ucrânia pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU e disse esperar “ações efetivas para combater a chantagem nuclear do Kremlin por parte do Reino Unido, China, Estados Unidos e França”.
(Lusa News)