A Seleção Brasileira disputará nesta sexta-feira (9) a partida mais importante dos últimos quatro anos e terá a Croácia como adversária, às 12h (horário de Brasília), no Estádio da Cidade da Educação, em Doha, no Catar, pelas quartas de final da Copa do Mundo. Quem vencer, garante vaga na semifinal do Mundial para enfrentar Argentina ou Holanda. Quem for derrotado, está eliminado. Se o jogo terminar empatado, teremos 30 minutos de prorrogação e, com a igualdade permanecendo no placar, a decisão vai para a disputa de pênaltis.
Pentacampeão mundial, o Brasil é o único país que disputou todas as edições da Copa do Mundo e busca o inédito hexacampeonato em 2022. Neste ano, o volante Fabinho é o representante de Campinas na Seleção Brasileira, mas essa história começou décadas atrás. Há 36 anos, em 1986, o ex-meia Silas foi quem representou a cidade vestindo a amarelinha no Mundial realizado no México. Silas e Fabinho são dois dos seis campineiros que já representaram a Seleção Brasileira em Copas do Mundo, assim como o goleiro Barbosa, em 1950, o meia Brandãozinho, em 1954, o zagueiro Amaral, em 1978, e o atacante Luís Fabiano, em 2010.
Nascido no dia 27 de agosto de 1965, em Campinas, Silas foi criado no bairro Botafogo, próximo ao Estádio Cerecamp, conhecido popularmente como Campo da Mogiana, onde deu os seus primeiros passos no futebol. Na adolescência, morou na Vila Teixeira, não ficou longe da bola e tentou atuar nas categorias de base de Guarani e Ponte Preta, mas sem sucesso.
Em 1982, quando tinha entre 16 e 17 anos, Silas recebeu uma oportunidade no São Paulo e nunca mais largou o futebol. No Tricolor, rapidamente subiu para a equipe profissional e participou do time que ficou conhecido como “Os Menudos do Morumbi”, já que era composto por jovens talentosos e irreverentes, assim como o grupo musical porto-riquenho de mesmo nome que fez sucesso no Brasil na época.
Pelo Tricolor, Silas se destacou ao lado dos jovens atacantes Sidney e Müller, além dos experientes Gilmar, Darío Pereyra, Falcão e Careca, conquistando o Campeonato Paulista de 1985, sob o comando do técnico campineiro Cilinho. Prestigiado na época, o campineiro recebeu oportunidade na Seleção Brasileira pouco antes da Copa do Mundo de 1986, agradou a comissão técnica liderada por Telê Santana e acabou convocado para o Mundial quando estava com apenas 20 anos.
“O São Paulo era uma máquina, o time era muito bom. Tinha Falcão, Oscar, Darío Pereyra, Gilmar, Careca e na época estava surgindo o Müller e eu. Em 1986, o Telê não teve muito tempo para formar a Seleção Brasileira, acabou convocando o pessoal do São Paulo e eu também fui convocado. Não dá nem para explicar e mensurar tão jovem ser convocado para a Seleção Brasileira e disputar uma Copa do Mundo”, relembra Silas, com carinho, em contato com a reportagem do Hora Campinas.
No Mundial de 1986, o campineiro recebeu poucas oportunidades, mas entrou em campo em algumas partidas. A Seleção Brasileira terminou a competição na 5ª posição depois de ser eliminada na disputa de pênaltis, pela França, nas quartas de final.
Atleta de sucesso no futebol nacional, Silas ainda conquistou o Campeonato Brasileiro de 1986 pelo São Paulo, derrotando o Guarani na final, no Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas, e deixou o clube do Morumbi em 1988, quando se transferiu para o Sporting, de Portugal.
Pelo clube português, também foi peça importante e continuou sendo convocado para a Seleção Brasileira, de olho na disputa da Copa do Mundo de 1990. Pouco antes do Mundial realizado na Itália, o time brasileiro comandado pelo técnico Sebastião Lazaroni realizou amistoso em Campinas diante da Bulgária, no Brinco de Ouro, e Silas teve a oportunidade de vestir a amarelinha e atuar na sua cidade natal, próximo da família.
Com Silas escalado como titular, o Brasil encontrou dificuldades, mas venceu a Bulgária por 2 a 1, no Brinco de Ouro, em Campinas, com gols de Müller e Aldair. Emil Kostadinov descontou para os búlgaros.
“A Bulgária na época tinha o [atacante] Stoichkov, um grande jogador, e lembro que essa partida foi difícil. Sempre é delicado jogo preparatório para a Copa do Mundo. O jogador não quer se machucar, mas também não quer perder o jogo e fica aquele misto. Lembro que nesse dia estava todo mundo da minha família no estádio. Ficamos hospedados em um hotel no bairro Aparecidinha, a minha família foi até hotel. Foi tudo muito legal”, valoriza o campineiro.
Dias depois, a Seleção Brasileira embarcou para a Itália e iniciou a disputa da Copa do Mundo. Com Silas utilizando a camisa 10, mas como opção para atuar no segundo tempo, a equipe liderou o Grupo C na primeira fase com 100% de aproveitamento. No entanto, o Brasil teve a Argentina de Maradona como adversária nas oitavas de final e foi derrotado por 1 a 0, com gol de Claudio Caniggia, em um dos maiores jogos da história dos Mundiais.
“Na verdade foi uma caminhada de crescimento. Logo depois da Copa de 1986, eu fui para a Europa atuar no Sporting, de Portugal. Depois, disputamos a Copa América na Argentina, jogamos a Copa América no Brasil e fomos campeões (diante da Argentina). Aí eu já não era um menino, estava me firmando na Seleção Brasileira, mas acabamos perdendo a Copa contra a Argentina no nosso melhor jogo”, lamenta Silas.
“Algumas seleções não estavam jogando tão bem e quem passasse daquele jogo, certamente iria para a final. Na verdade, a Argentina teve sorte, ninguém quer acertar a trave e realmente nós não conseguimos fazer os gols. No segundo tempo, o jogo se equilibrou um pouco e naquele lance do Maradona, o Caniggia acabou fazendo o gol. Chutamos três bolas na trave com Alemão, Careca e Dunga, mas sofremos um gol naquela grande jogada do Maradona e fomos eliminados”, lamenta o campineiro.
Após 32 anos, a Seleção Brasileira pode reencontrar a Argentina em duelo decisivo da Copa do Mundo. Para isso acontecer, basta a equipe liderada por Neymar vencer a Croácia, e os argentinos derrotarem a Holanda, também na tarde de hoje. Se isso ocorrer, Brasil e Argentina se enfrentam na próxima terça-feira (13), às 16h, no estádio Lusail, no Catar, valendo vaga na final do Mundial de 2022.
Silas, atualmente comentarista da ESPN no Brasil, elogia o momento da Seleção Brasileira na Copa do Mundo e confia que a equipe pode chegar até a final da competição. O campineiro acredita em uma decisão entre Brasil e França, no dia 18 de dezembro.
“Eu acho que a Seleção Brasileira foi melhorando passo a passo. No primeiro jogo, contra a Sérvia, nós jogamos muito bem, mas perdemos o Neymar e ficou aquele misto de alegria pela vitória e tristeza por conta da lesão. Contra a Suíça, sem o Neymar, o time se comportou bem, venceu por 1 a 0 com aquele golaço do Casemiro e não sofreu na defesa. Contra Camarões era um jogo para descansar todo mundo e ver quais jogadores reservas poderiam ser aproveitados. Perdemos o jogo em uma infelicidade no final”, pontua Silas.
“Contra a Coreia do Sul, foi o grande jogo da Seleção Brasileira até aqui. A alegria de ter o Neymar de volta, ver ele fazer gol, e o Richarlison confirmando a boa fase. O Vinicius Junior ter feito gol também foi muito bom, assim como o Paquetá, e agora só falta o Raphinha fazer o gol dele para todo mundo ganhar ainda mais confiança no ataque. Hoje temos uma seleção muito forte, é óbvio que depende do momento, do jogo, mas se tudo correr bem, dentro da normalidade, o Brasil tem grande chance de ir para a final e provavelmente enfrentar a França”, completa.
Silas também analisa os outros confrontos das quartas de final da Copa do Mundo. O ex-meia não acredita em jogo fácil para nenhuma das oito equipes, mas enxerga ligeiro favoritismo para Brasil, Portugal e França. No duelo entre Holanda e Argentina, o comentarista prevê equilíbrio total.
“Dos confrontos das quartas de final, vejo o Brasil ligeiramente favorito (frente à Croácia), acho Portugal ligeiramente favorita (diante de Marrocos), e a França é ligeiramente favorita, mas menos por ser contra a Inglaterra. O jogo da Argentina contra a Holanda considero o mais equilibrado. 50% para cada lado”, finaliza.