Após duas temporadas exclusivamente on-line, a São Paulo Fashion Week N52 voltou com tudo. Em formato híbrido, a programação reuniu desfiles presenciais e digitais, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, na capital paulista. Ao todo, 51 marcas participaram do cronograma oficial do evento e apresentaram suas coleções pensadas para o Inverno 2022. Hoje (21), o encerramento será do estilista Lenny Niemeyer, que comemora em grande estilo os 30 anos da marca na Cúpula do Caminho Niemeyer, em Niterói, RJ.
Todas as apresentações, incluindo fashion filmes, foram transmitidas pelas redes do SPFW.
Logo no primeiro dia, a iniciativa em parcerias inusitadas foi potencializada com o trabalho de mulheres em situação de vulnerabilidade social que levou 40 costureiras para as passarelas. O projeto tem o seu trabalho divulgado junto ao consultor e estilista Jefferson de Assis e prioriza novas técnicas de costura, além de usar a metodologia zero waste, voltada à sustentabilidade.
Já na parte tecnológica, o estilo do jogo on-line Free Fire, que já conta com mais de 1 bilhão de downloads, invadiu as passarelas da SPFW N52 e ganhou os holofotes no primeiro dia. A edição transformou 20 looks de avatares do jogo em peças reais pelas mãos do estilista Alexandre Herchcovitch e do stylist Daniel Ueda. Pela primeira vez, a parceria trouxe para as passarelas de uma semana de moda trajes de um game.
Com o retorno dos desfiles presenciais, o glamour das passarelas ficou por conta das celebridades que marcaram presença nos desfiles de algumas marcas, como da Torinno, que levou a atriz Alinne Moraes, uma das protagonistas da novela global “Um Lugar ao Sol”, e Lilly Sarti, que celebrou seus 15 anos e vestiu a modelo Isabella Fiorentino e a atriz Mônica Martelli com suas peças, imersas no universo das pinturas rupestres.
Outro famoso que surpreendeu o público, não só pela sua beleza, foi o ator Luciano Szafir. Ele desfilou para o estilista Walério Araújo, acompanhado da sua bolsa de estomia, popularmente conhecida como bolsa de colostomia. O objetivo foi chamar atenção para causa e, pensando nisso, o estilista fez uma roupa personalizada para que o “acessório” ficasse visível, como forma de combate ao preconceito. Afinal, não há motivo para vergonha ou reclusão, certo? Pelo contrário, foi isso que o salvou!
Já a inclusão foi lembrada com a riqueza dos tecidos e seus inúmeros fins na moda, como no desfile da Modem. As formas amplas com cintura bem marcada, comprimentos midi e sobreposições de materiais, que misturam seda, linho e diferentes tipos de lãs, foram pensados para vestir homens e mulheres de diferentes regiões do Brasil e biotipos. A grife À La Garçonne também adaptou sua coleção à diferentes tipos de corpos.
A edição também foi fortemente marcada pela diversidade.
Tudo graças a iniciativa do coletivo Pretos na Moda que assinou um tratado moral com os organizadores do evento, estabelecendo que 50% dos modelos devem ser negros, indígenas ou asiáticos, visando à equidade étnico-racial. Em caso de descumprimento do acordo, as marcas podiam ser suspensas dos desfiles. Esta é a primeira edição presencial após o acordo.
Nesta edição, também foi apresentada a segunda edição do Sankofa, projeto que tem o objetivo de trazer para SPFW marcas de criadores e empreendedores negros. A iniciativa da VAMO (Vetor Afro-Indígena na Moda) teve exibições presenciais das marcas Ateliê Mão de Mãe, Meninos Rei, Santa Resistência, Naya Violeta, AZ Marias, Mile Lab e Silvério.
Enfim, o evento mais fashion do ano fez um retorno triunfal e marcante!
Daniela Nucci é jornalista – [email protected]