Combatentes talibãs chegaram neste domingo (15) à capital do Afeganistão – Cabul, a última grande cidade que ainda estava sob controle do governo do presidente Ashraf Ghani, que abandonou o país. O movimento extremista volta ao poder depois de duas décadas.
Nos últimos dias, todas as grandes cidades caíram nas mãos dos radicais islâmicos. Em muitas delas não houve sequer resistência. Hoje de manhã, antes de Cabul, eles tomaram Jalalabad.
Na capital, o governo afegão e os talibãs estão em conversações para uma rendição pacífica e a constituição de um governo transitório.
Para a especialista em relações internacionais da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), Ana Isabel Xavier, a ofensiva talibã sobre Cabul é “um pouco surpreendente”, tendo em conta que os serviços secretos norte-americanos previam a queda da capital afegã dentro de três meses.
Para Francisco
O papa Francisco apelou à paz e ao diálogo entre as partes envolvidas no conflito do Afeganistão. O sumo pontífice da Igreja Católica considera que só dessa forma o povo afegão poderá viver em segurança.
ONU
O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacava, na última sexta-feira, antes da tomada de Cabul, que o Afeganistão estava saindo de controle. Ele falava a jornalistas sobre a situação atual no país onde áreas urbanas são alvos de combates entre o Talibã e as forças de segurança.
António Guterres disse que este é o momento para acabar com a ofensiva, para começar negociações a sério e para evitar uma guerra prolongada ou isolamento do Afeganistão.
Deslocados
Guterres apontou que, somente no último mês, mais de mil pessoas foram mortas ou ficaram feridas em ataques indiscriminados contra civis, principalmente nas províncias de Helmand, Kandahar e Herat.
Pelo menos 241 mil deslocados foram gerados pelos combates, que causam danos avultados e aumentam as necessidades humanitárias. Houve um recuo em termos de direitos das mulheres, do acesso de menores às escolas e faltam artigos básicos para os afegãos.
O processo que envolve o Afeganistão e o Talibã tem o apoio da região e da comunidade internacional. Para o líder da ONU, somente um acordo político negociado liderado pelos afegãos pode garantir a paz.
O chefe da organização realçou que hospitais estão lotados e faltam alimentos e insumos médicos. Guterres destacou ainda a destruição de estradas, pontes, escolas, clínicas e outras infraestruturas críticas.
(ONU News e Agência Brasil)