Campinas teve um início de semana marcado por transtornos em função das fortes chuvas que caíram neste domingo e segunda-feira. Carros arrastados por enxurradas, vias interditadas, suspensão de atendimento em escolas e unidades de saúde, falta de energia elétrica e atraso no início da segunda fase do vestibular da Unicamp deixaram a população atordoada.
Não há registro de feridos. Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Emdec e Assistência Social estão em alerta. A menos de dez dias para o início do Verão, a previsão é de que os temporais prossigam durante a semana.
Nesta segunda-feira (12), o volume de chuva no início da tarde assustou a população. A precipitação chegou a ser de 47mm em 1 hora, segundo o Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp. As regiões Sul e Central foram as mais afetadas. No domingo, a incidência foi um pouco menor, porém não menos impactante.
A Defesa Civil registrou 17 ocorrências de alagamento de imóveis em Campinas nesta segunda. Os bairros atingidos foram o Centro, Botafogo, Residencial Novo Mundo, Residencial Princesa D’Oeste, Jardim do Trevo, Rossin, São Pedro, Satélite Íris I e III, Leonor, Nova Europa, Santa Marcelina, Carlos Lourenço e Jardim do Lago Continuação.
Oito imóveis foram vistoriados pela Defesa Civil nos bairros Jd. New York, Brasil, Itatiaia, Garcia, Proença, Bonfim e Bom Sucesso. Não houve necessidade de interdição e também não há feridos ou desabrigados.
Foram ainda 11 quedas de árvores e três muros desabaram, sendo que dois ainda correm risco de queda.
As ocorrências aconteceram no Jd. Capivari, São Vicente, Nossa Senhora Auxiliadora, Bosque, Jd. Chapadão e São Pedro. Também houve um deslizamento no Jd. São Pedro, no período da manhã, e erosão em via pública na Vila Paraíso, à tarde. O maior índice de chuva registrado foi de 63,4mm no Jardim das Bandeiras, na região Sul.
Os centros de saúde Orosimbo Maia e São Vicente permanecerão fechados nesta terça-feira (13).
As duas unidades foram atingidas pela forte chuva no final da manhã e passarão por manutenção. As equipes do CS Orosimbo Maia serão deslocadas para os centros de saúde Paranapanema e Santa Odila. Já as do São Vicente estarão no CS Esmeraldina.
As consultas agendadas estão sendo desmarcadas. Os demais serviços serão realizados nas unidades para onde os trabalhadores foram direcionados. A expectativa é de que os dois centros de saúde sejam reabertos até o final da semana.
O Bosque dos Jequitibás também ficará fechado nesta terça para manutenção. A previsão é que o parque reabra na quarta-feira (14).
Os Centros de Educação Infantil (CEI) Perseu Leite de Barros, no Centro, Maria Batrum Cury, na Vila Perseu Leite de Barros e a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Leonor Savi Chaib, no Jardim New York, tiveram atividades suspensas nesta segunda. As aulas voltam ao normal nesta terça.
No período da manhã, houve a queda de cerca de 20 metros do muro do Cemitério da Saudade sobre a calçada e a avenida Engenheiro Antônio Paula Souza. Já foi feita a limpeza e os entulhos foram recolhidos. O local será fechado com tapume. A licitação para a construção de um muro novo em toda extensão do cemitério está aberta.
Drama
A chuva de domingo provocou cenas dramáticas envolvendo uma família de São José dos Campos. O veículo em que estavam foi surpreendido pela forte correnteza na Avenida Princesa d’Oeste. Desesperados, eles passaram momentos de terror com a possibilidade de a água invadir o carro. Pai, mãe e filha estavam no carro. Eles escaparam da enchente e conseguiram seguir caminho depois.
O vídeo que gravaram mostram as cenas de angústia. Gritos e ligações desesperadas para o 193 do Corpo de Bombeiros estão registrados no vídeo, que viralizou nas redes sociais (veja abaixo).
Os bombeiros não teriam aparecido ao local, segundo relatos da família. Especialistas que viram a cena afirmaram que a família agiu corretamente, dentro do possível. A principal decisão foi não tentar sair do carro, o que poderia resultar em tragédia, com os ocupantes sendo arrastados pela forte enxurrada. Analistas observam que vias com histórico de enchentes deveriam ter placas de alerta para serem evitadas em dias de forte chuva.
Obras para 2023
Pontos históricos de enchentes em Campinas, as avenidas Princesa D’ Oeste, Norte-Sul e Orozimbo Maia foram tomadas pelas águas, que arrastaram veículos e deixaram comércios ilhados. O problema nesses locais em época de chuva é antigo. Em março, a Prefeitura apresentou um estudo preliminar para a contenção das enchestes nesses setores. O projeto é complexo, de acordo com a secretaria de infraestrutura, mas deve ser concluído no primeiro trimestre de 2023 para que, logo na sequência, tenha início o processo de licitação. O início das obras está previsto para o segundo semestre do próximo ano. O custo gira em torno de R$ 600 milhões.
“A Prefeitura está em negociações adiantadas com instituições financeiras daqui e do Exterior para custear as obras”, disse o secretário de Infraestrutura, Carlos José Barreiro, em entrevista ao Hora Campinas.
“A intenção é entregar pelo menos uma parte dessas obras até o fim do mandato do prefeito Dário Saadi.”
O projeto prevê a construção de sete piscinões para o armazenamento do excesso de água. Quatro serão instalados no córrego Proença, na região da Princesa D’ Oeste e Norte-Sul, onde também está previsto o alargamento de uma calha, e três no córrego Serafim, na área da Orozimbo Maia, onde três pontes também passarão por alargamento.
Barreiro lembra ainda que as obras para contenção das enchentes na região da Vila Industrial devem ser concluídas em até quatro meses. “Lá, estamos instalando grandes tubulações de 2m de altura por 4m de largura cada uma. O objetivo é que a água seja captada pelas bocas de lobo e siga para essas tubulações, evitando a formação de correntes d’água pela rua”.