A vereadora Paolla Miguel (PT) registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil na manhã desta terça-feira (9), por conta da injúria racial que sofreu na noite anterior, quando foi chamada de “preta lixo” por manifestantes de direita, durante sessão da Câmara Municipal de Campinas. A queixa foi registrada no 1º Distrito Policial, na região central da cidade e ela foi acompanhada por alguns vereadores e apoiadores.
Em suas redes sociais, a vereadora informou que o mandato “tomará as medidas, politicas e judiciais cabíveis contra este caso gravíssimo de crime de ódio, mobilizado e incentivado pelos setores fascistas de Campinas, inclusive por mandatário da Câmara de nossa cidade”.
A injúria racial ocorre quando se ofende alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência, e é crime previsto no parágrafo 3º do artigo 140 do Código Penal.
Na nota divulgada, a vereadora disse agradecer a solidariedade dos colegas vereadores e das vereadoras que prontamente denunciaram o crime racial e ao presidente da Câmara, vereador José Carlos Silva (PSB), “que solicitou a identificação dos criminosos”. “Nosso mandato não se intimidará, não recuará ante o ódio, o racismo e o fascismo. Não passarão! Não sairão impunes!”, finalizou ela.
O caso
A vereadora falava na tribuna sobre a importância do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra, que estava entrando em votação definitiva naquele momento, quando ocorreu o ataque, vindo de um grupo de manifestantes que estava presentes desde o início da sessão protestando contra o chamado passaporte da vacina. Veja a reportagem das ofensas neste link.
“O grupo que estava aqui é de apoiadores de um determinado político e toda vez que alguém da esquerda subia já começavam ofensas. Mas a partir do momento que comecei a falar da importância de termos um Conselho da Comunidade Negra, e que inclusive tivemos um aumento de casos de intolerância religiosa, comecei a ouvir ataques. Primeiro dizendo que aquilo era mimimi, depois as ofensas foram ficando mais agressivas até a gente ouvir ‘preta lixo’, ofensa que pode inclusive ser conferida na gravação da TV Câmara”, contou Paolla em entrevista à emissora legislativa.
Presidente
O presidente da Câmara, vereador José Carlos Silva, determinou que sejam analisados todos os vídeos – tanto de segurança quanto da TV – e áudios da sessão na tentativa de identificar responsável ou responsáveis pela injúria racial.
“Todo mundo ouviu o que aconteceu, que saiu do meio de um grupo de manifestantes. Uma manifestação é saudável em uma democracia, mas vir com ofensa em cima de vereador não será tolerado, muito menos uma injúria racial”, afirmou ele.
“Vamos apurar acontecimentos e tomar providências cabíveis. Esse pessoal inclusive poderá ser proibido de entrar no plenário: aqui é um ambiente de trabalho, com vereadores eleitos pela população e tem que se manter o respeito. A diversidade de pensamentos é apreciada, mas não podemos tolerar a presença de alguns que não se portam como seres humanos”, finalizou Zé Carlos.