O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lembrou nesta terça-feira (29) o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que os ucranianos são vítimas da invasão russa e que “a guerra não é no Brasil”. A declaração foi uma forma de afastar a possibilidade de concessões territoriais e de pedir respeito pelos Estados independentes.
“A guerra é em concreto na Ucrânia, as vítimas são concretamente os ucranianos. Não são os brasileiros, ou outros europeus, nem americanos. São concretamente dezenas de milhares de pessoas, centenas de milhares, que morreram ou ficaram feridas, são as nossas casas que foram atacadas ou bombardeadas, não as casas do Brasil ou de outros países”, afirmou Zelensky, numa passagem de uma entrevista à RTP.
Quando instado a comentar declarações de Lula dadas na semana passada, na Cimeira dos BRICS, que “o Brasil não contempla fórmulas unilaterais para paz”, o líder ucraniano afirmou que “para se dizer alguma coisa, é preciso perceber quem é a vítima e quem é o agressor”, acrescentando: “Não é uma forma unilateral, é uma fórmula do país que sofre com tudo isso, que sofre com a guerra e no território no qual a guerra se desenvolve. Ponto”.
Apesar de condenar a invasão da Rússia na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, Lula já tinha em abril admitido a concessão da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscou em 2014, como uma saída para o conflito e, na cimeira dos BRICS, voltou a pedir uma paz negociada e o abandono de uma “mentalidade obsoleta da Guerra Fria”.
Em reação, Zelensky declarou que a Ucrânia é um país democrático e pretende envolver “o maior número de países possível” para a fórmula de paz de Kiev, que exige a retirada das forças russas da Ucrânia e rejeita qualquer concessão territorial. No entanto, disse estar aberto a propostas.
“Mas se as essas propostas se baseiam de alguma forma em cedência de alguma parte do nosso território, então isso não é coerente, primeiro com os nossos pensamentos, e, em segundo, certamente não é compatível com a nossa integridade territorial e soberania”, disse o líder ucraniano, insistindo que “as pessoas devem respeitar os territórios dos Estados independentes”.